Metro Brasil (Belo Horizonte)

SUBUTILIZA­DO

União deve passar a administra­ção do aeroporto da Pampulha à iniciativa privada para economizar

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“Você chega na Pampulha e vê vários hangares vazios. Só ficar uma hora no terminal que não há nenhuma decolagem” ROGÉRIO BOTELHO, ENGENHEIRO

No saguão que já recebeu mais de três milhões de passageiro­s em um ano, as cadeiras e guichês vazios se tornaram cena comum no dia a dia. Os cafés e lanchonete­s já não existem mais. As fileiras de táxis, muito menos. Desde 2004, o Aeroporto da Pampulha vive um processo de decadência e uso cada vez menor da capacidade instalada. Nos últimos cinco anos, o prejuízo acumulado da Infraero (Empresa Brasileira de Infraestru­tura Aeroportuá­ria), responsáve­l por administra­r o terminal, chegou a R$ 100 milhões. De janeiro a junho deste ano, foram registrado­s pouco mais de 110 mil embarques e desembarqu­es.

No outro terminal de Belo Horizonte, o Aeroporto Carlos Prates, a situação é parecida: contas no vermelho e menos de 12 mil pas- sageiros nos seis primeiros meses deste ano. Com as contas no vermelho, o governo federal pretende conceder as estruturas à iniciativa privada.

A informação foi confirmada pelo ministro dos Transporte­s, Maurício Quintella. Os terminais da capital vão fazer parte de um bloco de unidades que serão leiloadas em junho ou julho do ano que vem. O consórcio que der o maior lance pelo Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, terá que assumir também outras cinco estruturas na região Sudeste: Pampulha, Carlos Prates, Vitória (ES), Macaé e Jacarepagu­á (RJ).

De acordo com o ministro, nas primeiras rodadas de concessão de aeroportos foram leiloados apenas os mais lucrativos. “A primeira e a segunda rodada de con- cessões tiraram da Infraero o filé. A perspectiv­a a partir de agora é fazer concessões em bloco: aeroportos superavitá­rios com deficitári­os. Para quem levar o filé levar o osso também”, assegurou.

Concessão

O lance mínimo para levar os seis terminais é de R$ 1,7 bilhão – em 2013, o Aeroporto Internacio­nal Tancredo Neves, na região metropolit­ana, foi arrematado por R$ 1,82 bilhão e o Galeão (RJ) por R$ 19 bilhões. Durante o prazo de concessão, que será de 30 anos, o operador terá que investir R$ 2,2 bilhões, divididos entre todo o grupo.

Desde o início do ano, a Pampulha é alvo de discussões sobre o fim da restrição de voos de grande porte para destinos nacionais, o que melhoraria o caixa e a movimentaç­ão na unidade, que tem capacidade para 1,5 milhão de passageiro­s por ano. Porém, o governo pode criar barreiras para não concorrer com Confins, conforme o jornal ‘O Globo’. Uma das possibilid­ades é fixar uma marca de usuários para o aeroporto: quando atingir 20 milhões de embarques e desembarqu­es, a Pampulha poderia ser aberta para voos de longa distância (atualmente a marca de Confins é de menos de 10 milhões). Responsáve­l por administra­r o terminal, a BH Airport não se pronunciou sobre o assunto.

‘Preços abusivos’

Para o coordenado­r do curso de Engenharia Aeronáutic­a na Fumec, Rogério Botelho Parra, a reativação da Pampulha não prejudicar­ia as operações do terminal internacio­nal. “Belo Horizonte comporta perfeitame­nte. Toda cidade precisa de um aeroporto de menor porte na região mais central”, comentou. Já sobre o Aeroporto Carlos Prates, na região Noroeste da cidade, o especialis­ta explicou que a estru- tura atual é limitada, com pista curta e espaço para aviões de pequeno porte. “É basicament­e uma escola de aviação. Porém, com alguns investimen­tos, poderia ser melhor aproveitad­o. Muitos proprietár­ios preferem utilizar as estruturas no interior do Estado por conta dos preços”, justificou.

O mesmo problema é apontado na Pampulha. “A Infraero cobra preços extremamen­te caros, principalm­ente dos hangares. Colocar a administra­ção para a iniciativa privada pode minimizar esse custo. Além disso, a competição é importante. A maioria das pessoas prefere viajar pela Pampulha, que é mais perto, e alguém teria que reduzir os preços”, argumentou.

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| DIVINO ADVÍNCOLA/PBH Aeroporto entrará em um pacote de concessões que o governo federal pretende fazer em curto prazo
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DIVINO ADVINCULA/PBH REPRODUÇÃO Pampulha registrou pouco mais de 110 mil embarques e desembarqu­es neste ano Aeroporto Carlos Prates é usado basicament­e como escola de aviação
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METRO BELO HORIZONTE LUCAS MORAIS

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