Temer tenta abafar rebeliões na base
Denúncia de obstrução de Justiça e formação de quadrilha já está na CCJ; presidente quer análise rápida
Embora conte com margem segura, acima dos 172 votos suficientes para arquivar a nova denúncia de obstrução de Justiça e formação de quadrilha, o presidente Michel Temer terá que conter focos de rebelião na base aliada para chegar a meta de pelo menos 300 votos, que renovaria a esperança do governo de voltar a colocar em marcha a reforma da Previdência. A denúncia já foi encaminhada à Câmara pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Para mandar para a gaveta a primeira acusação, de corrupção passiva, o governo apelou abertamente, sobretudo, para pagamentos de emendas parlamentares. Agora, o Palácio do Planalto precisa seduzir novamente o chamado “Centrão”. O bloco, formado por partidos como PP, PR, PSD e PTB e que tem em torno de 220 votos, já apresentou a fatura: quer o Ministério das Cidades, hoje ocupado por Bruno Araújo, do PSDB. O desejo do “Centrão”é muito acima do que o governo queria oferecer: cargos em segundo e terceiro escalões.
‘Cabeças pretas’
O movimento desagrada sobretudo os chamados ‘cabeças pretas’, a ala dos tucanos favoráveis ao rompimento com o governo.
O bloco também está insatisfeito com a articulação do governo para tentar emplacar na relatoria Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), relator do pedido de arquivamento da primeira denúncia.
O presidente da CCJ (Comissão da Constituição e Justiça), Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), afirmou que não aceitará pressões para a escolha do relator. “Teremos um nome com o perfil adequado”, limita-se a dizer. Os deputados Marcos Rogério (DEM-RO) e Evandro Gussi (PV-SP) estão cotados.
Fator Pernambuco
Um novo tensionamento vem da bancada do DEM. Soou mal no partido a me- xida de peças – com a colaboração dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral) – para atrair o senador Fernando Bezerra (PE), do PSB para o PMDB. O DEM negociava a filiação do político. Outro assediado pelos peemedebistas é o deputado Marinalvo Rosendo (PSB-PE). Ainda será discutido como isso refletirá no humor da bancada na votação em plenário.