Jornalista relata em livro sua luta contra o câncer
Em tom de diário, Daniella Zupo mescla poesia e crônica literária para falar de como superou a doença
Lutar contra o câncer de mama é predestinação para uma em cada quatro mulheres no mundo. Em 2015, durante um exame de rotina, a jornalista Daniella Zupo descobriu por acaso que essa realidade fazia parte da sua vida. Ela tinha 42 anos, era saudável e não tinha histórico da doença na família, porém aprendeu na prática que câncer não tem idade, local ou horário – mas pode ter cura.
Ao longo de dois anos de tratamento, a mineira criou uma websérie documental relatando os principais desafios de sua batalha contra a doença. A inciativa gerou boa repercussão e a luta de Zupo agora também é relatada no livro “Amanhã Hoje é Ontem”(Editora Ramalhete; 136 páginas; R$ 35).
Lançada na última semana, a obra foi escrita com tintas de diário, crônica e poesia, e narra a jornada da autora para vencer o sofrimento e o medo causados pelo câncer.
“O que eu aprendi é que não se trata apenas de vencer a doença. [Descobrir o câncer] foi para mim como se a vida me desse uma lupa e eu podesse ver tudo de perto. Tive que fazer uma redefinição total de tudo, das minhas prioridades, descobrir a verdade dos meus afetos, dos meus amigos. Aprendi a dar valor para as coisa que tinha deixado de lado. Tudo ganhou urgência. Ser feliz ganhou urgência”, comenta.
Sem pretensão de escrever uma obra de superação ou de mostrar somente o lado positivo em vencer a doença, Zupo compara sua batalha com um momento transformativo. “Ė uma experiência muito dolorosa, muito difícil. Eu não minimizo isso em momento algum, mas acaba sendo um experiência de transformação, de autoconhecimento incrível que eu não imaginava que pudesse existir”.
No livro, assim como na websérie, Zupo revela de forma corajosa, fluida e sem autopiedade, diferentes estágios da sua história. “Assim como o título sugere, a ideia é falar que tudo é passageiro. Amanha hoje é ontem. Tudo está conectado. E tudo vai passar. Esse sentimento é fundamental para quem vive um diagnóstico de câncer, mas também serve de lição para essa impermanência do existir. Tudo que é difícil e doloroso passa, mas o que é maravilhoso também passa. A lição que fica então é simple: que a gente siga vivendo”, finaliza.