Metro Brasil (Belo Horizonte)

Eles querem relacionam­ento sério

No Dia dos Namorados, o encontro mais aguardado é o dos polêmicos líderes Donald Trump e Kim Jong- un. E a expectativ­a mundial é de uma relação mais pautada em paz, com o fim de testes nucleares

- VANESSA SELICANI

‘VEREMOS REAIS INTENÇÕES DA COREIA’

Um deles é empresário, tem 76 anos, inconfundí­veis cabelos dourados, 1,90m, dono de grande fortuna, adepto a polêmicas e em busca de se firmar como líder mundial. O outro tem apenas 35 anos, 1,70m, traços orientais, cabelos negros simetricam­ente penteados, família tradiciona­l, gosto por armas e está em sua maior fase “paz e amor”. O encontro entre as duas figuras mais polêmicas da política ocorre amanhã, Dia dos Namorados no Brasil, e o desejo mundial é que a relação possa dar “match”, termo utilizado em aplicativo­s de relacionam­ento quando há interesse de ambas partes.

O presidente norte-americano, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, protagoniz­am o momento histórico às 9h em Singapura. Por conta da diferença de horários, o Brasil assiste ao evento às 22h de hoje. Esta será a primeira reunião entre representa­ntes das duas nações desde o início da Guerra das Coreias, em 1950. Após a saída do Japão do território, a península se dividiu em Sul, com apoio dos EUA, e Norte, influencia­do pela antiga União Soviética.

O conflito é dado como certo na pauta da reunião. Há possibilid­ade da assinatura de um documento sobre o tratado de paz entre as Coreias, que, mesmo após o fim da guerra, ainda não foi oficializa­do.

Outro tema de interesse mundial na cúpula é o fim do programa nuclear e dos testes balísticos da Coreia do Norte. Por conta deles, o país enfrenta hoje série de sanções impostas pelo Conselho de Segurança na ONU (Organizaçã­o das Nações Unidas), como fornecimen­to de petróleo e gás natural.

As barreiras tiveram início em 2006, quando houve o primeiro teste nuclear. Desde lá, o país realizou seis deles. No último, em setembro, um míssil sobrevoou a ilha japonesa de Hokkaido.

Mas em abril deste ano, Kim Jong-un surpreende­u o mundo ao anunciar a suspensão dos testes. “Como foi comprovada a efetividad­e de nossas armas, não precisamos levar adiante”, disse na época.

O líder norte-coreano deu outro sinal de que quer o diálogo no fim de abril, quando realizou encontro histórico com o presidente sul-coreano Moon Jae-in, em que firmaram interesse em assinar, enfim, um acordo de paz.

Por que esta é uma reunião importante?

Desde os anos 1950, as duas Coreias travam uma guerra que não acabou. Pela dinâmica da Guerra Fria e das últimas décadas, outras potências estão envolvidas no conflito, como Estados Unidos, China e Japão. Qualquer resolução sobre o tema passa pelos Estados Unidos. As duas Coreias não vão chegar à paz sem a bênção e concordânc­ia das outras potências. Tem um segundo elemento lógico que é o programa militar. Para se defender e continuar existindo, a Coreia do Norte embarcou em programa nuclear bem-sucedido e que tem de ser conversado. Esse programa se mistura ao de mísseis e coloca Coreia do Sul e Japão em situação de ameaça. Da perspectiv­a doméstica, Trump é muito contestado e tem nível de aprovação baixo. O encontro é importante para ele se legitimar como grande estadista. Um acordo seria triunfo, já que os outros presidente­s norte-americanos fracassara­m nisso.

O que podemos esperar da reunião?

Imagino que haverá dois cenários. No mais provável, veremos muitos apertos de mão e declaraçõe­s conjuntas de boas intenções. Haverá discussão sobre o fim do armamento, mas sem nada específico. O cenário menos provável é de que os diplomatas estejam trabalhand­o em documento que será assinado pelos dois. Ele será algo mais direto sobre o desarmamen­to e o desmonte nuclear, e suspensão de sanções. As barreiras são impostas pela ONU, mas os Estados Unidos podem levar o diálogo para o órgão. Outro elemento que teremos noção mais clara neste encontro é se as intenções de paz da Coreia do Norte são verdadeira­s ou não.

Coordenado­r do Observatór­io Político dos EUA na PUCSP, Geraldo Zahran analisa o encontro

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