ENTRE A RAZÃO E A EMOÇÃO
Teatro pensante. Atriz Mariana Lima estreia em Belo Horizonte o espetáculo ‘CérebroCoração’, que mistura memórias e racionalidade
“O espetáculo é mais um compartilhamento de perguntas do que de respostas. Tem mais a ver com expor a falha do que expor certezas e pensamentos bem acabados”. Assim que a atriz Mariana Lima define “CérebroCoração”, monólogo escrito e estrelado por ela e que a partir desta sexta-feira (6) faz temporada no palco do Teatro II do Centro Cultural Banco do Brasil, na Praça da Liberdade.
Motivada pela leitura do clássico “Em Busca do Tempo Perdido”, de Marcel Proust, e por uma série de acontecimentos pessoais, Mariana começou a pesquisar, improvisar e escrever sobre memória, linguagem e neurologia. “Vivi, ao mesmo tempo, o nascimento da minha primeira filha e a morte do meu irmão, de 10 anos. Ele foi atropelado, sofreu um traumatismo e não resistiu. Isso foi há 13 anos, e deu um tilt radical na minha vida e na da minha família”, revela.
A versão final do texto foi construída no período de ensaios, com a colaboração de Enrique Diaz e Renato Linhares, também diretores do espetáculo. Em cena, a atriz encena o que definiu como “aula-performance”, que faz costuras minuciosas entre ficção e realidade, razão e emoção, o teatro e a sala de aula.
Em troca direta com a plateia, a montagem aborda temas pouco descutidos como a indústria farmacêutica e doenças psíquicas. Em cena, a atriz entrega observações a respeito de excessos dos novos tempos e da necessidade de olhar-se para dentro.
“Não me interessa fazer espetáculo para uma bolha de gente, feita de pares e algoritmos. Não tenho desejos e inclinações messiânicas, de querer expor a minha verdade. O espetáculo é mais um compartilhamento de perguntas do que de respostas. Tem mais a ver com expor a falha do que expor certezas e pensamentos bem acabados”, finaliza.