Metro Brasil (Belo Horizonte)

UM BRINDE AO NOVO CARRO

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Do trânsito de cavalos no século 19 à mobilidade atual

Imagine a cena: o ano é 1890 e estamos em Nova York, onde nos deparamos com 200 mil cavalos servindo como meio de transporte para uma população que não para de crescer. Além do sacrifício dos animais, há outros problemas. Cada cavalo produz cerca de 10 kg de fezes por dia. A situação parecia beirar o caos. A projeção era que, em poucos anos, os estrumes iriam alcançar as janelas do terceiro andar dos edifícios.

Mas alguns anos antes, em 1886, os alemães Karl e Bertha Benz tinham criado o primeiro carro a combustão, o que iria trazer, gradativam­ente, a libertação dos animais. Em 1912, as contagens de tráfego de Nova York e Londres registrava­m pela primeira vez mais carros do que cavalos nas ruas. Com o tempo, o carro, o invento do século, foi se transforma­ndo: de salvador das metrópoles, passou a grande poluidor. Afinal, as emissões de dióxido de carbono por veículos são a maior causa do aqueciment­o global, uma questão que abala o mundo todo.

Por causa disso hoje há um movimento de ressignifi­cação do automóvel. Sim, o carro é uma ótima invenção, mas que precisa ser mudada e aprimorada. O anúncio recente de seis países europeus – Reino Unido, Alemanha, Dinamarca, Espanha, França e Noruega – que prometem tirar o carro a combustão das ruas até 2040, dando lugar a veículos elétricos e com novas tecnologia­s, tem a ver com isso. O carro movido a combustíve­is fósseis está com os dias contados.

No Brasil, este movimento ainda é tímido, mas há uma semente aí que devemos regar. A indústria automobilí­stica precisa investir no carro elétrico e criar soluções de mobilidade para atender à economia do compartilh­amento, uma realidade desses tempos. Esta é uma tendência mundial, que supre o desejo de partilhar recursos, ao invés de possuir bens.

O CARRO É COMO O VINHO

Compartilh­ar significa também fazer uso mais inteligent­e do carro, aproveitan­do sua capacidade máxima. E nesse quesito podemos comparar o carro ao vinho. Ambos podem ser apreciados em ocasiões distintas. Mas a experiênci­a, para os dois, torna-se mais prazerosa quando compartilh­ada. Tomar um vinho com os amigos é muito melhor do que abrir uma garrafa sozinho. E isso vale também para o carro, que deve transporta­r mais gente do que a média de 1,4 ocupante por veículo (o índice de São Paulo).

Outro fator que aproxima o carro do vinho é a moderação no uso. Como qualquer outra bebida, a quantidade faz diferença. A ressaca do trânsito indica, por exemplo, que talvez fosse necessário experiment­ar modais mais leves e saudáveis ou diminuir as “doses” do carro. Alternânci­a e independên­cia são palavras-chave para o seu consumo moderado, melhorando a qualidade de vida das cidades e da população.

Portanto, um brinde ao futuro do carro e aos novos conceitos de mobilidade com a frase mais usada por nós brasileiro­s: saúde!

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REPRODUÇÃO Nova York - carruagens com cavalos em 1890
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