Nova Bento recebe licença ambiental
Documento entregue ontem à Renova vai beneficiar mais de 240 famílias atingidas pelo mar de lama da Samarco; novo distrito deve ser entregue em 22 meses
A angústia de uma rotina interrompida pelos mais de 43 milhões de metros cúbicos de rejeitos da mineração deu lugar à esperança. Mais um passo foi dado para que as quase 240 famílias do antigo distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, na região Central do estado, tenham de volta suas casas e a tranquilidade perdida: o governo de Minas concedeu ontem a licença ambiental para as obras do assentamento.
Após quase dois anos de discussões sobre o projeto urbanístico e a escolha do terreno que vai abrigar a comunidade, a expectativa da Fundação Renova é que toda a estrutura seja finalizada em até 22 meses. “Temos vencido um conjunto de desafios, como a escolha do local, planos diretores e um processo longo de construção conjunta. As casas serão projetadas da forma mais próxima do que elas eram. As primeiras devem ser entregues em 2019”, adiantou o presidente da entidade, Roberto Waack.
Em uma área de quase 100 hectares, a Nova Bento Rodrigues vai contar com igrejas, praças, escola e outras áreas de convívio para a comunidade – a região fica a cerca de oito quilômetros de Mariana. Conforme a fundação, as obras de infraestrutura, como pavimentação, redes de água, esgoto e energia elétrica dependem ainda da aprovação do projeto de engenharia pela Secretaria de Estado de Cidades e Integração Regional, além da emissão de um alvará de construção pela prefeitura da cidade.
Ao todo, cerca de duas mil pessoas devem ser contratadas para atuar nas intervenções. “Agora é tocar o barco e cobrar da Renova todos os trabalhos. Estou no canteiro de obras dia a dia. Isso é um direito nosso, não pedimos para sair das nossas casas, não queríamos correr de Bento Rodrigues”, disse o ex-morador do distrito, José do Nascimento de Jesus.
Arquitetos já trabalham com as famílias para projetar as residências e comércios baseado no resgate do modo de vida de cada núcleo do distrito. “Faremos de tudo para que a implantação ocorra no menor prazo de tempo possível”, enfatizou o superintendente do Ibama-MG, Marcelo Belizário – o órgão faz parte do Comitê Interfederativo que fiscaliza os trabalhos da Renova.
Em tempo recorde
O superintendente de projetos prioritários da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Rodrigo Ribas, alegou que a avaliação do licenciamento ambiental ocorreu em pouco mais de 40 dias – geralmente o processo leva mais de seis meses. “Quando começou seria prioritário para sair na frente de qualquer outro. Ao longo de 2017 e 2018, foi construída uma proposta junto aos atingidos, que contemplasse as características históricas do local”, finalizou.