Ministro afastado pelo STF pede demissão
Então titular da pasta do Trabalho, Helton Yomura é acusado de ser o ‘testa de ferro’ do esquema, liderado pelo PTB, de fraude na concessão de registros sindicais
Helton Yomura tornou-se o 11º ministro do governo Michel Temer (MDB) demitido. Ele deixou o cargo ontem horas após o ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal) afastá-lo na esteira da 3ª fase da operação Registro Espúrio, que apura fraudes na concessão dos registros de sindicatos. Foram feitas buscas em imóveis dele e no gabinete do deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP) na Câmara.
“O atual ministro de Estado de Trabalho e Emprego, Helton Yomura, age de forma dissociada dos deveres inerentes ao cargo estratégico que ocupa, em prol dos interesses do grupo organizado ora investigado”, afirmou Fachin.
Temer ainda avalia nome de um substituto, que não deve ser do PTB. O partido colocou à disposição o cargo que era da sua cota na Esplanada. Até a decisão, Eliseu Padilha acumulará a Casa Civil e o Ministério do Trabalho.
‘Laranja’
Yomura seria o “laranja” do esquema. Ele atenderia pedidos da cúpula do PTB, sobretudo do presidente do partido, Roberto Jefferson; de sua filha, a deputada Cristiane Brasil (RJ) – que chegou a ser nomeada para o ministério, mas, impedida judicialmente, desistiu –; e do deputado Paulinho da Força (SD-SP).
O esquema, segundo a investigação, funcionava assim: mediante pagamento de propina, os sindicalistas conseguiam “furar fila” e obter o registro imediatamente.
O agora ex-ministro se apresentou para depor à PF (Polícia Federal), mas permaneceu em silêncio. Ele se negou a revelar a senha do telefone celular que foi apreendido, alegando ter conteúdo privado. Na saída, o ministro afastado se disse “surpreso” e falou que apenas mantinha “relação institucional” com Jefferson e Cristiane. A defesa disse, em nota, que ele não cometeu “ato ilícito”. “O ministro nega veementemente qualquer imputação de crime ou irregularidade”, disse o advogado César Caputo.
Jefferson divulgou nota negando a acusação. “Não participei de qualquer esquema espúrio no ministério. E acrescento que minha colaboração restringiu-se a apoio político ao governo para que o PTB comandasse a pasta.”
Prisões
Três pessoas foram presas ontem na operação: o chefe do gabinete do ministro, Julio Bernardes; o chefe de gabinete de Marquezelli, Jonas Antunes; e o superintendente do ministério no Rio de Janeiro, Adriano José Lima Bernardo.