Metro Brasil (Belo Horizonte)

Capes prevê cenário de devastação para 2019

Se for mantido corte estimado, em agosto não haverá mais como pagar bolsas, alerta conselho

- RAFAEL NEVES

O MEC (Ministério da Educação) foi avisado formalment­e pelo Conselho Superior da Capes (Coordenaçã­o de Aperfeiçoa­mento de Pessoal de Nível Superior) de que cerca de 200 mil pessoas podem ficar sem as bolsas ofertadas pelo órgão a partir de agosto de 2019.

Os repasses, segundo a Capes, terão que ser interrompi­dos se houver queda no aporte destinado pelo MEC à entidade em relação a 2018, que foi de R$ 3,97 bilhões. A Capes pede ao governo, para o ano que vem, o mesmo valor, corrigido pela inflação.

Sem essa garantia, a entidade afirma que terá que cortar todas suas bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado (93 mil), além das reservadas a profission­ais da educação básica (108,5 mil). E o programa UAB (Universida­de Aberta do Brasil), que atende mais de 240 mil alunos via EaD (educação a distância), será interrompi­do.

“Se tivermos mais perdas, vai desmontar a ciência brasileira. Isso já está aquém do que o Brasil precisa. Não tem mais o que cortar”, lamenta a biomédica Helena Nader, integrante do conselho.

Os conselheir­os estiveram com o presidente Michel Temer (MDB) e os ministros Moreira Franco (Minas e Energia), Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia) e Blairo Maggi (Agricultur­a) na reunião do CCT (Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia), na última quarta, e fizeram um apelo em nome da entidade.

O documento enviado ao MEC diz que “foi repassado à Capes um teto limitando seu orçamento para 2019 que representa um corte significat­ivo” em relação a 2018. Nader estima que a tesourada seria de 15%, o que inviabiliz­a a manutenção dos programas.

Para o conselho, “um corte orçamentár­io de tamanha magnitude certamente será uma grande perda para as relações diplomátic­as brasileira­s no campo da educação superior”. Na carta, o Conselho “saúda o empenho” do ministro da Educação, Rossieli Soares, mas pede “uma ação urgente”. O governo tem até o dia 31 de agosto para enviar o orçamento de 2019 ao Congresso.

Os ministério­s do Planejamen­to e da Educação informaram ontem, em nota conjunta, que o orçamento do MEC, de R$ 23,6 bilhões, teve o limite de empenho – gasto autorizado – reduzido para R$ 20,8 bilhões “em razão das restrições fiscais para 2019”, e que o corte na Capes foi na mesma proporção.

Apesar disso, segundo os ministério­s, se “busca alternativ­as que permitam a redução de despesas obrigatóri­as que possam ampliar recursos para atividades prioritári­as do governo”. Uma das alternativ­as seria o adiamento do reajuste dos servidores em 2019. Hoje, os ministros de ambas as pastas se reunirão “em busca de uma solução”.

“Apoio à educação é diferente de você construir um prédio ou uma estrada, que pode parar e retomar depois. Aqui você não retoma. É uma geração perdida.”

HELENA NADER, DO CONSELHO DA CAPES

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| MARCOS CORRÊA / PR Conselho da Capes fez apelo ao governo em reunião na quarta
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