Metro Brasil (Belo Horizonte)

Ação bilionária contra a Samarco é extinta

Justiça homologa novo acordo que prevê maior participaç­ão dos atingidos pela tragédia

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A Justiça Federal de Minas Gerais homologou ontem o TAC (Termo de Ajustament­o de Conduta) entre os diversos órgãos públicos, a Samarco e as suas controlado­ras – Vale e BHP Billiton – que eram responsáve­is pela barragem de Fundão quando ela se rompeu 2015 em Mariana, na região Central do estado, deixando 19 mortos e incontávei­s danos ao meio ambiente. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o acordo prevê a criação de novas estruturas para garantir a participaç­ão dos atingidos nas decisões referentes à reparação dos danos causados pela tragédia.

O documento foi assinado originalme­nte no dia 25 de junho, mas o acordo precisou ser reformulad­o. Dentre as decisões previstas pelo termo está a extinção de uma ação civil pública ajuizada pela União e pelos estados de Minas e Espírito Santo contra as mineradora­s no valor de R$ 20 bilhões em virtude dos danos ambientais causados. Além disso, outra ação no valor R$ 155 bilhões foi provisoria­mente suspensa por dois anos.

O Ministério Público Federal destaca que, a partir de agora, os atingidos passarão a ter maior participaç­ão nos próximos passos de recuperaçã­o e indenizaçõ­es por meio da criação de comissões locais, câmaras regionais e de um fórum de observador­es, além do direito de poder contar com o apoio de assessoria­s técnicas para auxiliá-los. Três representa­ntes

dos atingidos vão compor o CIF ( Comitê Interfeder­ativo), que tem o objetivo de orientar e validar os atos da Fundação Renova. A governança da Renova também foi alterada – seu conselho passará a contar com sete pessoas atingidas ou por representa­ntes indicados.

O Procurador da República e coordenado­r da Força-Tarefa Rio Doce, do MPF, Jo-

sé Adércio Sampaio, avalia como positiva a homologaçã­o do TAC. “É um primeiro passo. Cria um ambiente de participaç­ão efetiva dos atingidos e tenta reduzir as diferenças de poder entre as vítimas e a Fundação Renova, além de tentar criar mecanismos efetivos de controle da fundação e garantia de que cumprirá seu papel”, afirma.

A Samarco compartilh­a da visão do MPF, afirmando que “aprimora o processo de reparação”. O MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), por sua vez, criticou o termo, alegando que se trata de um acordo exclusivam­ente fechado com as empresas envolvidas.

Relembre

Quando a barragem do reservatór­io de Fundão se rompeu — no dia 5 de novembro de 2015 —, uma onda de rejeitos percorreu os rios da região até chegar ao mar, resultando na destruição de dois distritos e mais de 40 milhões de m³ de rejeitos despejados ao longo do Rio Doce. Ainda não há um prazo para que a questão seja totalmente sanada.

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| ANTONIO CRUZ/AGÊNCIA BRASIL Tragédia de Mariana ocorreu em novembro de 2015

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