Extrema direita cresce no Riksdagen
Fluxo de 163 mil requerentes de asilo em 2015 polariza eleitores, fragmenta consenso político e alimenta nacionalismo em país globalmente reconhecido pela tolerância
O SD ( Partido Democratas da Suécia), partido de extrema-direita nacionalista que prega contra a União Europeia e os imigrantes, foi o terceiro mais votado nas eleições legislativas de ontem na Suécia. A colocação é a mesma das eleições de 2014, mas o número de assentos do SD deve aumentar no Riksdagen, a assembleia nacional, enquanto os dois primeiros colocados devem encolher.
Ontem à noite, com 80% das urnas apuradas, o Partido Social-Democrata, liderado pelo primeiro-ministro Stefan Lofven, tinha 28,1% dos votos (havia conquistado 31% em 2014). O Partido Moderado vinha em segundo, com 19,2% ( 23,3% em 2014); e o Partido Democratas da Suécia, em terceiro, com 17,9% (teve 12,68% em 2014).
Nenhum partido único garantiu a maioria necessária de 175 assentos dos 349 no Riksdagen para formar o governo. Analistas estimam que pode levar semanas – ou até mesmo meses – de conversações de coalizão antes que isso aconteça.
Ulf Kristersson, líder dos moderados, disse a correligionários ontem que deve ser feita uma aliança de oposição de quatro partidos e que “o governo deveria renunciar”. As duas principais forças do parlamento disseram antes da eleição, contudo, que não incluiriam o partido anti-imigração – no caso, o SD – como um parceiro de coalizão.
Avanço nacionalista
O avanço do Partido Democratas da Suécia não tem explicações plausíveis, já que o índice de desempre- go na Suécia é o menor em dez anos, as finanças públicas estão equilibradas e o crescimento econômico é robusto.
“Esse descontentamento talvez não esteja diretamente relacionado ao desemprego ou à economia, mas é simplesmente uma perda de fé no sistema político”, disse Magnus Blom- gren, cientista social da Universidade Umea.
Pesquisas locais divulgadas recentemente mostram que a população está preocupada mesmo é com o crescimento da imigração e os impactos que isso pode acarretar, como criminalidade e violência urbana.