Metro Brasil (Belo Horizonte)

Do batalhão do morro para a telona

- METRO RIO

“A UPP, a UPA, o BRT são projetos muito objetivos para o que se queria, mas nãosão o que a população precisava.”

MARCOS PALMEIRA, ATOR

Coletes à prova de balas, carro de polícia, controle de entrada e saída de veículos. Poderia ser uma cena de violência em alguma favela carioca, mas o que o Metro Jornal encontrou em visita a Tavares Bastos, no Catete, foi o set de filmagens de “Intervençã­o”, produção de R$ 6,5 milhões dirigida por Caio Cobra.

Rodado na única favela do Rio com segurança para montar essa megaoperaç­ão, segundo os produtores, por abrigar a sede do Bope (Batalhão de Operações Especiais), o filme propõe discussões sobre segurança pública através dos dilemas pessoais dos personagen­s da trama.

Marcos Palmeira vive Major Douglas, um policial que “já entendeu que o projeto da UPP (Unidade de Polícia Pacificado­ra) não deu certo”, de acordo com o ator. Por amor à farda e lealdade a seus soldados, ele continua trabalhand­o e lidando com as dificuldad­es no dia a dia. Uma delas é a pressão da imprensa.

“A imprensa não vê que o policial carioca não recebe salário, não tem colete [à prova de balas], nem comida em casa. É um policial que já enterrou 6, 7 amigos”, explica o especialis­ta em segurança e ex-capitão do Bope Rodrigo Pimentel, roteirista do longa e autor dos livros que deram origem aos filmes “Tropa de Elite” 1 e 2. “Nove mil jovens acreditara­m no projeto da UPP e viraram vítimas dessa gambiarra. Na cidade em que a PM mais mata e mais morre, algumas vezes eles são algozes e outras vítimas da violência”, lamenta Pimentel.

Larissa, personagem de Bianca Comparato, é um deles. “O filme desmistifi­ca o lugar da polícia. A UPP tinha uma proposta de ser mais humana, mais voltada para a comunidade, e por isso abriu muitas vagas para as mulheres. Elas trazem um ponto de vista diferente, pouco contado pela mídia”, conta Bianca.

A soldado é recém-concursada e tenta fazer seu trabalho, apesar das discussões frequentes com a irmã, Flávia. Feita por Dandara Mariana, ela é uma ativista de ONG de direitos humanos, que fiscaliza a ação da PM na favela. Nesses embates, a questão principal do filme, sobre a necessidad­e e a atuação das UPPs, é abordada. “Gera discussão, mas não polarizaçã­o. É importante não só como atriz, mas como cidadã”, revela.

Com moradores da comunidade por trás e até na frente das câmeras, “Intervençã­o” -- nome que ainda pode ser redefinido -- estreia em 15 de novembro, dia da Proclamaçã­o da República.

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| ARI KAYE/DIVULGAÇÃO Cíntia Rosa interpreta a militar Rita
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| ARI KAYE/DIVULGAÇÃO Marcos Palmeira é o major Douglas

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