Após ‘erro terrível’, sauditas são cobrados
Versão sobre assassinato de jornalista em consulado não convence. Alemanha ameaça suspender venda de armas ao país. Príncipe desconhecia operação, diz ministro
Líderes mundiais cobraram ontem da Arábia Saudita explicações mais claras sobre como o jornalista saudita Jamal Khashoggi foi assassinado no consulado do país em Istambul, na Turquia. Após diversas negativas desde o desaparecimento do colunista do “The Washington Post” em 2 de outubro ao entrar na sede consular, os sauditas confirmaram na sexta-feira a morte do dissidente no local. A alegação é de que ele morreu após discussão, em operação não autorizada.
Na primeira declaração do governo da Arábia Saudita depois de assumir o assassinato, o ministro das Relações Exteriores, Adel al-Jubeir, chamou o crime de “erro terrível” em entrevista à “Fox News”. Ele afir- mou também que o príncipe Mohammed bin Salman não foi informado sobre a operação. “Isso foi um erro terrível, uma tragédia. Nossas condolências para os familiares. As pessoas que fizeram isto, fizeram fora do alcance de sua autoridade (príncipe).” O ministro disse que o governo não sabe onde está o corpo nem detalhes sobre o crime.
Os governos da Inglaterra, França e Alemanha divulgaram ontem comunicado conjunto em que condenam o caso e exigem mais esclarecimentos. A chanceler alemã Angela Merkel deu a resposta mais dura até agora, ameaçando parar a venda de armas ao país. “Com relação às exportações de armas para a Arábia Saudita, elas não podem ocorrer nas atuais circunstâncias”, disse em coletiva, de acordo com a “Reuters”. Até setembro, o governo alemão havia liberado a exportação de 416,4 milhões de euros ao país em itens de defesa.
Mesmo os Estados Unidos, que têm evitado críticas a seu parceiro econômico, exigiram explicações. “Obviamente, houve decepção e mentiras”, disse o presidente Donald Trump em entrevista ao “The Washington Post”.
O presidente turco Recep Tayyip Erdogan prometeu revelar detalhes descobertos pela investigação sobre o assassinato amanhã.