A PORTO ALEGRE QUE QUER ATUALIZAR UM IMPOSTO
A av. Beira-Rio não é lá uma Edvaldo Pereira Paiva. Em Porto Alegre do Tocantins, a Beira-Rio tem um nome só, uma pista só e uma cor só, a de terra batida. E um calor. Um calor que fuzila o chão pouco arborizado, com sensação de 50oC. Na primavera. A verdadeira Forno Alegre.
A cidade comemora ter saído de Goiás e fincado raízes no Tocantins. Não havia progresso goiano, e agora existe progresso tocantinense. Ele se chama Projeto Hidroagrícola. Com a irrigação da cultura frutífera, as plantações de banana, laranja, maracujá e abacaxi se tornaram fonte de emprego e renda. Veio gente de fora e o uso de drogas cresceu.
Em resposta, boa parte votou em Jair Bolsonaro à Presidência. “Ele ganhou simpatizantes em função da questão moral. Tem muitos evangélicos aqui, quase todos do lado do Bolsonaro”, analisa o tabelião Enilmár Freire Cardoso, 58 anos. Já violência e insegurança são menores. “Acontece assalto, roubo. Mas é raro”, comenta Cardoso.
Diz-se que o prefeito Rennan Cerqueira (PR), 28 anos, nunca trabalhou. Que seu primeiro emprego foi quando se elegeu prefeito. Por isso, há uma certa indisposição com sua gestão. O que não impede que haja esperança de amadurecimento. “Para quem nunca tinha feito nada, é uma surpresa”, afirma o tabelião.
Mesmo crítica, a oposição na Câmara Municipal não boicota o governo, garante o presidente da Casa, Venício Menezes da Silva (PTB), 42. “No Brasil, às vezes o projeto é bom e a oposição dá uma segurada. Aqui, não. Tem projetos que a gente vê necessários.” Um deles é o aumento do ITR (Imposto Territorial Rural). Assim como o IPTU na nossa Porto Alegre, o tributo está defasado em pelo menos dez anos. Deve ser aprovado.
A renda dos funcionários públicos gira a economia. Sem muita opção de lazer, o povo vai ao bar, às canchas de futebol, à beira do rio Manoel Alves. Tem vez que rodeios movimentam a região. Também há farofadas no rio. Os moradores navegam em boias, chapinhando na água, bebendo cerveja e beijando muito na boca.