‘Super Drags’ estreia em meio a polêmica na Netflix
“É homem? É mulher? Não, são as Super Drags!”. Essa é a segunda frase que aparece no primeiro episódio da nova série brasileira da Netflix, “Super Drags”, a primeira animação feita por aqui a entrar no streaming. A frase é a prova de que as heroínas drag queens com um arsenal de piadas sexuais e um robô em formato de pênis como ajudante não estão ali para explicar nada, mas para rir da confusão que elas mesmas causam.
A série entrou no catálogo da Netflix no fim de semana. Em tempos de fake news protagonizando debates, a série foi acusada de propagandear “ideologias de gênero”. Antes mesmo de estrear, já havia recebido notas de repúdio, em sua maioria de grupos religiosos, pela influência que poderia ter em crianças. O discurso é combatido não na segunda, mas na primeira frase de “Super Drags”: “Este desenho é para maiores de 16 anos”.
Afinal, o que é?
De fato, excetuando-se o visual da animação, fortemente inspirado em animes como “Sailor Moon” (1992), não há nada infantilizado em “Super Drags”, muito pelo contrário. Scarlet (de vermelho), Lemon e Safira combatem o crime com humor
A trama narra a história de três jovens gays escolhidos para se tornar super-heroínas drag por uma mentora, dublada e completamente inspirada na drag queen Silvetty Montilla. A drag queen cantora Pabllo Vittar também faz participação na série, dublando Goldiva – personagem que tem visual cheio de referências a RuPaul.
O programa pretende ser uma espécie de “South Park” (1997) para o público LGBTQ, com grande sexualização dos personagens e boa dose de humor nonsense.
Depois de tiradas as crianças da sala, o público heterossexual também pode se divertir com o programa, que apresenta enredo surpreendentemente bem trabalhado para apenas 5 episódios de 23 minutos. A Netflix não garantiu se a série terá uma segunda safra de episódios, mas quem se propor a ver os cinco já disponíveis, certamente ficará sedento por mais.