Ministro do STJ manda soltar presos na Operação Capitu
Nefi Cordeiro entendeu que não há necessidade de manter grupo na cadeia; 17 pessoas são acusadas de irregularidades em ministério
Suspeito de participar de um esquema de distribuição de propinas no Ministério da Agricultura, o grupo de empresários, políticos e advogados presos pela PF (Polícia Federal) durante a Operação Capitu foi completamente liberado ontem após decisão do ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Nefi Cordeiro. Entre os 17 detidos estavam o vice-governador de Minas Gerais, Antônio Andrade (MDB), que chefiou a pasta até 2014, e os ex-executivos da J&F, Joesley Batista e Ricardo Saud. O sócio dos Supermercados BH, Waldir Rocha Pena, que estava foragido, chegou a se apresentar na sede da corporação na capital mineira, mas horas depois deixou o local.
De acordo com as investigações, duas redes varejistas de Minas Gerais, juntamente com seus diretores e controladores, teriam recebido mais de R$ 22 milhões da J&F e, através de operações contábeis envolvendo o conglomerado e seis escritórios de advocacia, repassaram os valores a partidos e políticos entre agosto de 2014 e fevereiro de 2015.
O ministro do STJ, que já havia liberado o também ex-ministro da Agricultura Neri Geller (PP) e o ex-secretário de Defesa Agropecuária Rodrigo Figueiredo no domingo, entendeu que não há necessidade de manter os suspeitos na cadeia. Conforme o magistrado, as acusações são antigas e a eventual “falta de colaboração” do grupo com as investigações não justifica a prisão.
O esquema foi revelado após delação premiada do doleiro Lúcio Funaro, apontado como operador do MDB. A ação é um desdobramento da Operação Lava Jato e apontou que, em troca de favorecimentos à J&F no ministério, políticos recebiam propina. Em uma gravação, o deputado estadual João Magalhães (MDB) reclama sobre a divisão dos recursos com Ricardo Saud – o emedebista foi reeleito neste ano com mais de 65 mil votos. A assessoria do parlamentar não se pronunciou sobre o assunto.
Todos os envolvidos negaram os crimes.