Metro Brasil (Belo Horizonte)

JACKIE STEWART

Tricampeão mundial de Fórmula 1, o escocês esteve em Porto Alegre e falou sobre a categoria

- VALTER JUNIOR METRO PORTO ALEGRE

Difícil imaginar que aquele senhor pequeno, grisalho, com um caminhar lento e voz quase inaudível em meio ao barulho, passou parte de vida correndo a 300 km/h. Aos 79 anos, Jackie Stewart mostrou toda sua simpatia em Porto Alegre, no sábado. Seu aperto de mão mantém a firmeza que o fazia segurar aquelas “cadeiras da morte” que ele pilotava nos anos 1960 e 1970 – ele perdeu 57 colegas pilotos, somando todas as categorias que competiu, enquanto esteve em atividade. Tricampeão mundial de Fórmula 1, o escocês, sempre vestindo boina e calças típicas do seu país, foi uma grande atração do Heineken Fórmula 1 Experience, mesmo sem acelerar. Durante sua rápida passagem pela cidade, o ex-piloto atendeu o Grupo Bandeirant­es e falou sobre o passado, o presente e o futuro da categoria.

Qual a importânci­a de um evento como esse?

É fantástico esse show. O que a Heineken está fazendo pelos fãs é fantástico. Para o Brasil, é fantástico ter o Rubens aqui, é um grande amigo, de muitos anos. É um grande piloto. A Heineken deveria fazer isso com maior frequência.

Não temos um piloto brasileiro na Fórmula 1 neste momento. O que você acha disso?

Acho que no passado as grandes indústrias davam apoio financeiro para jovens pilotos surgirem, seja com Emerson seja com Piquet, ou Ayrton ou Rubens. Essas empresas estavam ganhando reconhecim­ento interna- cional. Acho que seria bom que isso voltasse. Espero que aconteça, porque a mentalidad­e dos brasileiro­s para correr é muito boa. Eles são empolgados e rápidos.

Se ano que vem o senhor voltasse a ter uma equipe na Fórmula 1, quais seriam os dois pilotos que o senhor escolheria?

Para o próximo ano? Acho que o piloto holandês, o Verstappen, está fazendo um bom trabalho. Ele é fantástico. O Vettel ainda é muito bom. Os brasileiro­s precisamos ter mais deles competindo na Fórmula 1. Penso que esses dois são dois grandes pilotos.

Por muito tempo o senhor teve o recorde de maior número de vitorias na Fórmula 1. Depois, o Prost virou recordista e veio o Schumacher. O Hamilton pode bater as marcas de Schumacher?

Depende se ele continuar correndo. Eu me aposentei cedo porque naquela época nos corríamos mais. Hoje são apenas 21 corridas [na temporada]. Naquela época, eu corria em diversas outras categorias junto com a Fórmula 1. Isso tirou muito de mim [fisicament­e]. E eu me aposentei aos 34 anos. Me aposentei no topo, é muito importante se aposentar no topo, mas é melhor estar vivo quando se é um piloto [risos].

O que o senhor acha que falta à Fórmula 1 no momento?

Bem, acho que antigament­e tínhamos o perigo na Fórmula 1, o que não era bom, porque morriam muitas pessoas. Entretanto, o fato de o perigo estar mais próximo parece que criou uma paixão maior, mas claro que era negativo ver os nossos melhores amigos morrerem. Minha mulher, Helen, e eu perdemos 57 pessoas durante o tempo em que fui piloto, eram amigos que passavam feriados juntos. Hoje isso não existe.

O que tem achado do trabalho dos novos donos da Fórmula 1?

Acho que estão trazendo uma nova dimensão à Fórmula 1. Primeiro, a empresa é global. Ela é divertida, tem entretenim­ento e tem o es- porte. Então, acho que vão levar a Fórmula 1 para um novo nível. Teremos mais corridas do que no passado. Acho que Bernie [Ecclestone, antigo dono da categoria] fez um trabalho fantástico, mas acho que era a hora de haver uma mudança.

Quem foi o melhor piloto britânico da história? E quem foi o melhor brasileiro?

Com certeza, o melhor britânico foi Jim Clark. E acredito que Emerson [Fittipaldi]. Ele foi um homem excepciona­l. Emerson colocou o Brasil no mapa, mas acho que Senna levou para um novo nível.

‘A MENTALIDAD­E DOS BRASILEIRO­S PARA CORRER É MUITO BOA’

 ?? JOÃO MATTOS/ESPECIAL ??
JOÃO MATTOS/ESPECIAL
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil