Metro Brasil (Belo Horizonte)

Tribunal anula pena de ex-prefeito Antério Mânica

Antes da decisão, Antério havia recebido sentença de 100 anos de prisão pela chacina de Unaí

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Em mais um capítulo da Chacina de Unaí, que se arrasta há quase 14 anos na Justiça, o ex-prefeito da cidade da região Noroeste de Minas Gerais, Antério Mânica, teve ontem a pena de 100 anos de prisão anulada pelo TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), em Brasília. Por 2 votos a 1, os desembarga­dores apontaram que as provas no processo contra o político são “insuficien­tes”. Ele e o irmão, Norberto Mânica, são acusados de serem mandantes do assassinat­o de três auditores fiscais do Ministério do Trabalho e um motorista, em 2004.

O julgamento foi acompanhad­o por familiares das vítimas e membros do Sinait (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho). Na defesa, o advogado Marcelo Leonardo reforçou que Antério Mânica não teve participaç­ão no crime e que as declaraçõe­s do irmão, o fazendeiro Norberto Mânica, o inocentara­m. “Os que mataram estão presos. Não se pode falar que tenha impunidade nesse caso. Contra Antério não se tem nenhuma prova. Um inocente está condenado a mais de 100 anos de prisão”, declarou. Pela primei- ra vez, Norberto admitiu a culpa pelo crime e, em documento registrado em cartório, assumiu toda a responsabi­lidade no episódio.

Com a anulação, um novo júri deve ser marcado pela 9ª Vara da Justiça Federal de Belo Horizonte – o ex-prefeito, que chegou a ser preso em 2004 e conseguiu um habeas corpus após ven- cer as eleições em Unaí, só foi julgado em primeira instância em 2015. A assistente de acusação, Ana Maria Prates, destacou a impunidade nos crimes. “Os mandantes não estão presos. Os auditores foram assassinad­os porque fiscalizav­am leis trabalhist­as. Fiscalizav­am atentados contra a dignidade humana”, resumiu.

A confissão

Também condenado a 100 anos de prisão pela morte dos servidores federais, Norberto Mânica confessou pela primeira vez ser o único mandante do assassinat­o. O MPF (Ministério Público Federal) pediu a prisão imediata do fazendeiro antes do julgamento de qualquer outro recurso.

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| ALBERTO WU/FUTURA PRESS Antério chegou a ser preso em 2004, mas foi solto após vencer as eleições em Unaí

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