SETE VEZES GLORIOSA
MUSICAL HOMENAGEIA FASES MARCANTES DA CARREIRA E DA VIDA DE ELZA SOARES
Conhecida por sua voz poderosa e capacidade única de viver os sentimentos de cada canção, Elza Soares, 88, é uma figura grande demais para caber apenas em uma atriz. É por isso que o musical “Elza”, escrito por Vinícius Calderoni e dirigido por Duda Maia, desdobrou essa personagem em sete intérpretes.
A peça que compila quase 40 faixas para narrar, de forma não cronológica, uma trajetória marcada pela resiliên- cia, faz curtíssima temporada neste sábado e domingo, no palco do Cine Thaeatro Brasil Vallourec, na Praça Sete.
Com direção de Duda Maia, o musical traz sete atrizes negras no papel de Elza: a protagonista Larissa Luz e as multifacetadas Janamô, Júlia Tizumba, Késia Estácio, Khrystal, Laís Lacorte e Verônica Bonfim, que juntas, evocam a figura da artista e personificam a trajetória da cantora carioca.
“A Elza me disse: ‘ sou muito alegre, viva, debochada. Não vai me fazer um musical triste, tem que ter alegria’. Isso foi ótimo, achei importante fazer o espetáculo a partir deste encontro, pois assim me deu base para saber como Elza se via e como ela gostaria de ser retratada”, conta Vinicius Calderoni, autor do texto do musical, que leu e assistiu a infindáveis entrevistas que a cantora deu ao longo da vida e também pesquisou a obra de pensadoras negras, como Angela Davis e Conceição Evaristo, cujos fragmentos de textos aparecem na peça.
O enredo segue dramas pessoais da cantora, que sofreu abuso do primeiro marido, com que foi obrigada a se casar aos 12 anos, penou com a vida nos morros cariocas e viu a opinião pública se voltar contra si quando Garrincha deixou a mulher pa- ra ficar com ela. As atrizes são acompanhadas ao vivo de uma banda composta somente por mulheres, que reforça o caráter feminista da montagem.