Saúde quer 8,5 mil médicos novos até dia 7 de dezembro
Inscrições abrem amanhã e escolha das cidades é por ‘ordem de chegada’. Formados fora – até cubanos – entram na 2ª chamada
Médicos formados no Brasil poderão se inscrever amanhã, a partir das 8h, no processo seletivo que buscará repor as 8.517 vagas deixadas em aberto pelo fim da parceria com Cuba no programa Mais Médicos, anunciado pelo governo caribenho na última quarta-feira. Um total de 2.824 municípios e 34 DSEI (Distritos Sanitários Especiais Indígenas) esperam receber as reposições.
A expectativa do Ministério da Saúde é que o máximo possível de substitutos esteja trabalhando em seus postos até o dia 7 de dezembro. Esta será a data-limite para que os selecionados se apresentem.
O edital será aberto, inicialmente, para doutores formados no Brasil, com registro no CRM (Conselho Regional de Medicina). No ato da inscrição, os interessados escolherão o município onde desejam atuar. A seleção será por “ordem de chegada”: assim que todas as vagas de uma determinada localidade estiverem preenchidas, essa localidade não vai mais aparecer no sistema.
Os formados no Brasil terão de amanhã às 8h até o próximo dia 25 (domingo) às
23h59 para se inscreverem. Na segunda-feira (26) o governo fará um balanço das vagas ocupadas e, no dia 27 (terça), abrirá as chances remanescentes para médicos diplomados no exterior, sejam brasileiros ou não.
Nesta etapa qualquer médico poderá concorrer. Inclusive os cubanos que quiserem ficar no país por conta própria, que serão tratados como qualquer outro estrangeiro: se estiverem com visto de permanência no país em dia e passarem pelo Revalida (exame de revalidação do diploma), poderão voltar ao programa e receberão o
mesmo salário – R$ 11,8 mil – que os demais. Uma crítica ao programa é que o governo cubano repassava menos de R$ 4 mil para os profissionais. O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) vinha descrevendo a situação como “trabalho escravo”.
Os médicos poderão começar a trabalhar sem o Revalida até que a prova seja marcada.
Capilaridade
Desde sua implantação, em 2013, o Mais Médicos teve dificuldades em recrutar brasileiros interessados para trabalhar em áreas pobres ou remotas do país.
O ministério avalia estratégias para “seduzir” os médicos. Uma delas é que doutores graduados com apoio do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) possam negociar suas dívidas através dos salários. “Teremos uma grande oportunidade para nossos municípios e nossa sociedade não ficarem desassistidos pelos cubanos que estão de saída”, projetou o Ministro da Saúde, Gilberto Occhi.
Os cubanos
O ministério espera um ofício das autoridades cubanas para definir a data-limite em que os caribenhos trabalharão vinculados ao programa. A ideia, segundo Occhi, é que o desligamento definitivo seja “do dia 12 ao dia 15”, na semana seguinte à que os substitutos começam a atuar. Cerca de 200 médicos cubanos já deixaram o Brasil desde o rompimento.
O governo brasileiro não custeará o retorno dos cubanos ao país de origem. O motivo é que o fim da parceria foi uma decisão unilateral.
“A preocupação foi diminuir os prazos da inscrição até a chegada do médico no município, para não faltar assistência” GILBERTO OCCHI, MINISTRO DA SAÚDE