BH tem mais ciclistas nas ruas em 2018
Levantamento aponta que adesão à bicicleta cresceu 16%; entidade reclama da falta de estrutura e segurança
A crescente insatisfação com o trânsito em Belo Horizonte, somada a crise financeira que assolou o país nos últimos anos, aumentou a procura por meios de transporte alternativos. E é nesse cenário que a bicicleta tem conquistado espaço, apesar do terreno irregular tão característico da capital. Em 2018, o número de ciclistas aumentou 16% na comparação com o ano passado. Os dados são da contagem feita pela associação BH em Ciclo, em parceria com o ITDP Brasil (Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento).
Entre as pessoas que aderiram recentemente a magrela está o pedreiro Anderson Luiz Rocha, que faz todos os dias o trajeto entre o bairro Pompéia, na região Leste, até a avenida Olegário Maciel, no Centro, para levar o filho na escola. “Eu optei pela bicicleta pelo pre- ço mesmo, porque o deslocamento acaba ficando muito caro, seja nas passagens de ônibus ou pagar especial. E também a questão da saúde, porque pedalar faz muito bem para o corpo”, conta. Mesmo com as vantagens, nem tudo são flores. Ele reclama da segurança para o ciclista na cidade, apontando como vilão parte dos motoristas, que não sabe respeitar quem está na bicicleta.
Com um pouco mais de experiência no pedal, o professor de filosofia Magnus Cesar Bouchardet conta que não é fácil andar de bike na cidade. “A sensação é sempre de insegurança, tanto pela nossa integridade física quanto pelo alto custo do equipamento, que pode sofrer danos com as colisões. E como BH tem pouca estrutura para o ciclista, acaba que mistura muito carro e pouco espaço para a gente”. Ele já foi atropelado por uma moto ao voltar do aeroporto de Confins, na Grande BH, mas não se feriu gravemente.
Para Carlos Edward, coordenador da pesquisa, a tendência é que o número de usuários de bicicletas continue aumentando, o que potencializa as reclamações sobre a estrutura cicloviária e o comportamento dos motoristas. “Embora tenhamos esse aumento significativo, não houve políticas que garantissem a segurança, o conforto e a eficiência no deslocamento de quem já anda de bike”, diz.
Ciclovias
Uma das maiores queixas de quem anda de bike em BH é a quantidade de ciclovias. Em 2010, eram cerca de 23 km de pistas exclusivas para ciclistas na cidade. Em 2018, após muitas promessas, o número aumentou para 86 km. A previsão da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão da Prefeitura de Belo Horizonte é que a cidade tenha 117 km até 2021.
“Embora tenhamos esse aumento, não houve políticas que garantissem a segurança, o conforto e a eficiência no deslocamento de quem já anda de bicicleta”
OORDENADOR DA PESQ UISA