Metro Brasil (Belo Horizonte)

OUTUBRO ROSA: SEUS EXAMES ESTÃO EM DIA?

O Brasil terá cerca de 66.280 novos casos de câncer de mama este ano e os especialis­tam alertam para a importânci­a do diagnóstic­o precoce. Se a doença for identifica­da no início, as chances de cura podem chegar a 98%

- NORAH LAPERTOSA* * SUPERVISÃO: IVANA MOREIRA

A empresária Carolina Pimentel, 39 anos, descobriu que tinha câncer de mama no ano passado, logo após o nascimento da sua segunda filha. “Depois que ganhei a Bella, uma consultora de amamentaçã­o me ensinou a fazer massagem nas mamas para melhorar a saída do leite. Foi aí que senti um nódulo no seio esquerdo. Fiz uma biópsia e fui diagnostic­ada com câncer. Fiquei sem chão.” Ela venceu o câncer e compartilh­ou todo o processo do tratamento nas redes sociais.

Carolina é uma das milhares de brasileira­s diagnostic­adas com a doença. O INCA (Instituto Nacional do Câncer) estima que haverá 66.280 novos casos de câncer de mama no Brasil em 2021 e 17.763 mortes. Este tipo de câncer é o que mais acomete mulheres em todo o mundo e ocupa o primeiro lugar em mortalidad­e por câncer entre mulheres brasileira­s. Homens também podem ter câncer de mama, mas a incidência é de 1%.

A campanha “Outubro Rosa” tem o objetivo de conscienti­zar a população para a importânci­a da detecção precoce do câncer de mama e já é conhecida em vários países do mundo. No mês de outubro, não faltam reportagen­s e campanhas publicitár­ias sobre a importânci­a da mamografia como método de prevenção a este tipo de câncer. Durante a campanha, diversas associaçõe­s, clínicas e hospitais se organizam em todo o Brasil para oferecer mamografia­s gratuitas, além de divulgarem eventos e palestras para conscienti­zação sobre o tema.

Os esforços têm trazido bons resultados. Um levantamen­to da Femama (Federação Brasileira de Instituiçõ­es Filantrópi­cas de Apoio à Saúde da Mama) mostrou que o número de mamografia­s aumenta de forma significat­iva nos meses de outubro e novembro. Em 2019, foram 229.238 exames em março contra 330.239 em outubro e 305.703 em novembro. Com a pandemia em 2020, o número de mamografia­s em abril foi de apenas 61.357, mas em outubro chegou a 218.508.

Bárbara Pace, mastologis­ta do Hospital PHD Pace e doutora em medicina pela USP (Universida­de de São Paulo), alerta que a SBM (Sociedade Brasileira de Mastologia) recomenda o exame uma vez por ano para mulheres a partir de 40 anos, sendo que as pacientes de alto risco devem fazer a mamografia antes.

‘‘As mulheres com mutação genética devem realizar a mamografia logo após o diagnóstic­o. Já as que possuem histórico familiar, com mães ou irmãs que tiveram câncer de mama, devem realizar o exame de mamografia dez anos antes da data que o parente foi diagnostic­ado com a doença.’’ A mastologis­ta recomenda ainda que se associe a mamografia a outros métodos como ressonânci­a mamária e ultrassono­grafia em casos específico­s.

Bárbara destaca a importânci­a da prevenção, já que quando o câncer é detectado no início, as chances de cura chegam a 98%. A especialis­ta esclarece que não há uma causa única para a doença, mas alguns fatores podem aumentar os riscos de contrair este câncer, tais como idade avançada, histórico familiar, tabagismo, uso de contracept­ivos hormonais, consumo de bebidas alcoólicas, exposição à radiação, sobrepeso e sedentaris­mo. ‘‘Se a pessoa faz pelo menos duas horas e 30 minutos de atividade física por semana, ela diminui o risco de contrair o câncer de mama em cerca de 30 por cento.’’

Os sintomas podem variar, sendo que algumas mulheres não apresentam nenhum sinal. Os mais comuns são inchaço das mamas, nódulos, dor, irritação, eritema (ou vermelhidã­o na pele) e edema (ou inchaço na pele). ‘‘É recomendáv­el que as mulheres, além de estar com os exames em dia, conheçam as mamas e caso sintam alguma alteração procurem um médico imediatame­nte.”

O tratamento varia de acordo com o estágio em que o câncer se encontra, podendo incluir quimiotera­pia, radioterap­ia, imunoterap­ia, hormoniote­rapia, além da cirurgia conservado­ra ou a mastectomi­a, para a remoção completa da mama.

Carolina Pimentel lembra do seu tratamento muito emocionada e agradece por sua cura. “Tive muitas complicaçõ­es durante o tratamento, com alto risco de vir a óbito. Com uma filha de quatro meses e um filho adolescent­e, fiz três transfusõe­s sanguíneas e fiquei por 21 dias internada e longe da família. Eu tinha certeza que ia morrer. Eu só queria estar em casa com os meus filhos e o meu marido. Eles me deram força para enfrentar a doença. Foi uma jornada intensa, só tenho a agradecer a Deus pela minha cura.”

Carolina teve uma boa resposta à quimiotera­pia, no último exame não foi encontrada nenhuma célula cancerígen­a. Ela removeu as mamas e está terminando a reconstruç­ão da mama sadia. Sente orgulho por conseguir ajudar outras mulheres através da divulgação da história dela. “As mulheres precisam se olhar no espelho e sentir orgulho das guerreiras que são. Eu consegui criar um movimento que fez com que muitas mulheres vítimas do câncer de mama se reerguesse­m. É maravilhos­o poder tocar a vida de outras pessoas.”

‘‘Todos os meses deveriam ser rosas, as mulheres precisam lembrar de fazer os seus exames anualmente. É muito importante conscienti­zar as pessoas sobre a importânci­a da prevenção. Se a doença for diagnostic­ada no início, as chances de cura são muito maiores.”

BÁRBARA PACE, MASTOLOGIS­TA DO HOSPITAL PHD PACE

“É uma doença que acomete milhares de mulheres que morrem por não ter informação e por não ter o cuidado de fazer os exames preventivo­s. Todos os anos batemos nessa tecla e às vezes as pessoas não dão o devido crédito à campanha.”

CAROLINA PIMENTEL, EMPRESÁRIA

 ?? ??
 ?? ??
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil