Metro Brasil (Belo Horizonte)

ZEMA NÃO É FENÔMENO

- CARLOS LINDENBERG LINDBERG.BH@GMAIL.COM Carlos Lindenberg é colunista do Metro Jornal. Escreve neste espaço às quintas.

O que parecia impossível está prestes a acontecer em Minas, terra de Milton Campos, Tancredo Neves, JK, Pedro Aleixo, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, Hélio Garcia e Afonso Pena, para ficar apenas em alguns dos condestáve­is que fizeram a grandeza política destas montanhas: Romeu Zema (Novo), um empresário que resolveu entrar para a política, está a um passo do vetusto Palácio da Liberdade para dar início, quem sabe, a um novo ciclo na história política do Estado. E derrotando ninguém menos do que o senador Antonio Anastasia (PSDB), ex-governador do Estado e tido como uma revelação até pouco tempo atrás da administra­ção pública mineira.

Ontem, o Ibope divul- gou mais uma de suas pesquisas, que trouxe um resultado não de todo surpreende­nte para o segundo turno: Romeu Zema com 66% votos válidos e Anastasia com 34%, números que acompanham a lógica do primeiro turno quando o então desconheci­do comerciant­e de Araxá derrotou de uma só vez o governador Pimentel e o próprio senador, assumindo o primeiro lugar na disputa do segundo turno. Mas o que explica o fenômeno Zema? Primeiro, Zema não chega a ser um fenômeno. Não tem nada de Jânio Quadros ou Fernando Collor, para ficar nos dois exemplos de políticos singulares da história recente do país.

O fenômeno, se é que existe, está fora de Minas e se chama Jair Bolsonaro, ao qual Zema se atrelou no último momento para usufruir do emaranhado de redes sociais que há algum tempo vem trabalhand­o em favor do candidato à presidênci­a da República.

A senha foi no debate da Globo, três dias antes da eleição do primeiro turno, quando Zema pediu que votassem no João Amoedo, candidato do seu partido, o Novo, mas também em Jair Bolsonaro. Esse apelo disparou um amplo dispositiv­o pelas redes sociais que tinha alguns objetivos: primeiro, derrotar Pimentel e Dilma – tirar o PT do poder e, não por coincidênc­ia, o antigo líder das pesquisas, Lula, também ficou fora das eleições embora seus recursos ainda não tenham sido totalmente julgados – depois eleger o jornalista Carlos Viana como senador por Minas, dar a vitória a Zema – tirar o PT do poder – e consolidar a posição de Bolsonaro no Estado, na certeza de que quem ganha em Minas também ganha a presidênci­a da República.

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