A medalha da irresponsabilidade para o PMDB
Em breve, milhares de atletas, turistas e jornalistas do mundo todo chegarão ao Rio de Janeiro para a Olimpíada. A visão que terão da cidade, partindo dos seus aeroportos, será de encanto pelas suas paisagens, óbvio; mas, também, de incompreensão com relação às gritantes injustiças sociais.
Basta esticar um pouco a vista por sobre os painéis coloridos da Linha Vermelha e o visitante avistará comunidades inteiras sem estrutura urbanística mínima. Talvez entenderá o sentido da música dos Paralamas, que diz “mas a arte de viver da fé, só não se sabe fé em quê” sobre a Favela da Maré. Em 2010, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região foi o 123º colocado, entre as 126 áreas administrativas do Rio.
A única política pública que o PMDB foi capaz de realizar nessas comunidades foi a invasão de seus territórios com tanques, botinas e fuzis. A violência estatal se mostrou uma tragédia, notadamente contra a população jovem, pobre e negra.
A tragédia da gestão do PMDB atinge até mesmo a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), instituição respeitada no Brasil e no exterior pela qualidade de seu ensino, decorrente da excelência de seu corpo docente, com elevada qualificação, e de seus alunos, recrutados mediante um exame vestibular difícil e competitivo.
Sou ex-aluno da Uerj e nunca vi um abandono tão profundo da instituição — que já dura mais de seis meses com o governo do Estado do Rio de Janeiro sem pagar a professores, a servidores e a trabalhadores terceirizados. Com isso, a pesquisa, o ensino e a extensão sofrem danos que talvez sejam irreversíveis.
Ao mesmo tempo, monumentais recursos são despendidos, muitos deles mediante duvidosa moralidade, em obras de péssima qualidade, somente para enfeitar e encobrir chagas de uma cidade que ainda não foi capaz de quitar suas dívidas sociais históricas.
O que o PMDB tem feito com a cidade e o Estado do Rio de Janeiro é um crime de responsabilidade. Esse sim, claro, evidente, configurado e inafastável.