Fotos do Museu do Índio em exposição no Metrô
Biblioteca Estação Leitura, na estação Central, mostra ‘Quarup’, inspirada no clássico do escritor Antonio Callado, com trechos da obra associados às imagens
A fotógrafa Cristina Oldemburg enfatiza: “O livro ‘Quarup’, de Antonio Callado (1917-1997), está mais atual do que nunca, 51 anos após seu lançamento”. A história do Padre Nando, que se engaja em projetos voltados para os índios, enfoca problemas que a população indígena enfrenta até hoje. Abrindo os festejos do centenário de Callado (comemorados em 2017), Cristina traz o livro de volta como tema da exposição de fotos ‘Quarup’, que tem abertura hoje às 10h30 e vai até 26 de setembro na Galeria Arte e Literatura, anexa à Biblioteca Estação Leitura, na estação Central do MetrôRio.
“O poder econômico não promove nenhum tipo de reequilíbrio. Os índios estão sendo dizimados. Hoje há só 800 mil em todo o Brasil”, conta Cristina, citando um dado do Censo de 2010. “As empresas falam em sustentabilidade mas não dão atenção alguma a esta questão. Os índios entendem de sustentabilidade há séculos. Eles sabem manejar a terra e vivem em harmonia com a natureza, têm grandes lições de sustentabilidade para passar às pessoas e às empresas. Temos um Ministério do Meio Ambiente e mesmo assim a questão indígena permanece um problema sem solução”.
A exposição montada por Cristina propõe reflexões sobre a realidade dos povos indígenas a partir de dez painéis com nove fotos do Museu do Índio — e mais uma, feita especialmente pela própria curadora. As dez imagens surgem dispostas ao longo da galeria, associadas a trechos do livro. “É uma homenagem aos índios vivos, à riqueza de seus conhecimentos e de sua cultura, e também à maneira sábia como eles vivem em harmonia com a natureza”, diz Cristina. “É importante lembrar que o Brasil foi encontrado por Pedro Alvares Cabral, mas ele já tinha sido descoberto antes. Tinha povos indígenas aqui. O Brasil não foi descoberto pelos portugueses, foi colonizado por eles”, explica.
Além dos trechos do livro ‘Quarup’ inseridos em cada foto, a exposição traz o livro físico para junto dos frequentadores. As crianças e jovens que participarem do Projeto Vivências Lúdico-Literárias, Oficinas de Arte-Educação — voltado para instituições educacionais e sociais — vão receber um exemplar do livro ‘Kuarup — A Festa dos Mortos’, do autor Jô Oliveira, numa adaptação para colorir. E cada escola e instituição visitante ganhará um exemplar do ‘Quarup’ de Antonio Callado para sua biblioteca. Na abertura, estarão presentes a jornalista Ana Arruda Callado, viúva de Antonio, e a atriz Tessy Callado, filha do casal.
“As empresas falam em sustentabilidade mas não dão atenção alguma à questão indígena.” CRISTINA OLDEMBURG