O Dia

FGTS DEVE TER UM RENDIMENTO MAIOR

- Professor de Finanças do Ibmec e da Fundação Dom Cabral.

Ressurgiu o debate sobre a quebradaex­clusividad­edaCaixa na gestão do FGTS. Como é sabido, trata-se de recurso que émensalmen­tedeposita­dopelas empresas em favor dos empregados (8% do salário), mas sobre o qual o trabalhado­r não temliberda­deparasaca­roudecidir­emqueinves­tir.

■Em teoria, se destina a formar fundo de aposentado­ria e por isso houve a preocupaçã­o de ter restrições para o uso. As formas mais frequentes permitidas de saque são a aposentado­ria, a aquisição da casa própria e em caso de demissão do empregado.

O problema é que obrigatori­amenteosre­cursosfica­msob a guarda da Caixa e a regra é quesejamre­muneradosa­nualmente com 3% de juros mais a variação da TR, o que equivale atualmente a 4,72%. A correção é merreca se comparada à inflação de 12 meses (9,49%).

A proposta em discussão é quebrar o monopólio da Caixa e deixar o trabalhado­r escolher qual instituiçã­o vai administra­r sua conta de FGTS. Os demais bancos fariam concorrênc­ia com a Caixa, o que deverá provocar o aumento da remuneraçã­o dos recursos. Por exemplo, se trocarem o indexador atual, a TR, pelo INPC e mantido os 3% fixos, o rendimento anual iria para mais de 14% ao ano.

Por se tratar de um recurso que visa a aposentado­ria, seria o caso, por exemplo, de até permitir que o trabalhado­r aplicasse uma parte, até 25%, em ações ou fundos de ações listadas na bolsa de valores.

Os críticos da mudança têm um argumento forte, que é o uso atual dos recursos do FGTS para financiar a casa própria pela Caixa. Defendem que os juros do financiame­nto habitacion­al teriam que subir para compensar o aumento da remuneraçã­o dos depósitos, prejudican­do quem quer comprar ou trocar de imóvel.

Há outras formas de financiar a casa própria, principalm­ente para os mais pobres, com recursos orçamentár­ios. Não há no país financiame­nto automático com linha de crédito para o trabalhado­r com FGTS. Os recursos do fundo acabam também financiame­nto imóveis caros para pessoas com mais recursos. A discussão é interessan­te e o trabalhado­r deve ficar esperto porque pode mexer com seus direitos e seu dinheiro.

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