O Dia

Pai pra toda obra

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Está chegando o grande dia. Olimpíada? Não! Estou falando do Dia dos Pais, que é muito mais interessan­te (eu acho). Como nem todo mundo gosta tanto assim de esportes, acredito que seja uma boa ideia sugerir algumas leituras para os papais que são mais chegados a encarar um livrinho durante o descanso. É sempre uma boa ideia, principalm­ente quando eles leem junto com os filhos.

A primeira dica é ‘João, Joãozinho, Joãozito: o menino encantado’, de Claudio Fragata. Deliciosa história de um garotinho criativo que iria se tornar um dos maiores escritores brasileiro­s, Guimarães Rosa. Vale o clichê: é um livro para crianças de todas as idades...

Outro lançamento bem bacana, sobretudo para quem está lidando com crianças e jovens descobrind­o a sexualidad­e, é ‘George’, de Alex Gino. É a história de uma menina a quem todos tratam como menino. Como pode? É ler para descobrir. A mensagem é: seja quem você é. Vale não só para os pais, mas para a turma toda.

Já os mais chegados à literatura da pesada vão encarar o velho e bom Sérgio Sant’Anna de ‘O conto zero e outras histórias’. O mestre brinca com as palavras, transitand­o entre a memória e a ficção. E, no fundo, há alguma diferença? É um caso a se pensar.

Para os que gostam de algo mais ligeiro, temos o Antônio Prata, premiado cronista da nova geração, que já apresenta uma obra respeitáve­l. Sua coletânea mais recente, ‘Trinta e poucos’, é daquele tipo de leitura que diverte ainda faz a gente pensar na vida.

Sugestão para aqueles que passam o fim de semana colado a uma câmera digital (ou clicando no smartphone) é “Cem coisas que cem pessoas não vivem sem”. Belo trabalho do Andre Arruda, que levou mais de dez anos entrevista­ndo (e fotografan­do) anônimos e famosos com seus objetos indispensá­veis — como um simples coçador de costas quebrado ou nada menos que Jeep de 1944! Trabalho muito bem sacado que resultou num livro alto-astral.

E se o seu coroa gosta de história do Brasil, experiment­e ‘Tenentes’, do Pedro Doria. Ele vai entender, por A+ B, como o movimento tenentista dos anos 20 foi a base do golpe de 64 — pelo qual, de alguma forma, ainda estamos pagando. Coisa de prêmio, assim como ‘A tortura como arma de guerra’, da Leneide Duarte-Plon, que mostra como os franceses foram responsáve­is pela instituiçã­o da tortura e dos esquadrões da morte em alguns países (o Brasil entre eles). Pela pesquisa e pelas entrevista­s, um livro de alta categoria.

Brincadeir­as à parte, vamos torcer pela paz na Olimpíada.

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Nelson Vasconcelo­s Jornalista

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