Assassinato de Falcon abala o mundo do samba
Candidato a vereador e presidente da Portela foi executado a tiros em seu comitê de campanha
Opresidente da Portela e candidato a vereador do Rio pelo Partido Progressista (PP), Marcos Vieira Souza, o Marcos Falcon, foi assassinado a tiros dentro de seu comitê de campanha, em Madureira, ontem à tarde. O delegado Rivaldo Barbosa, da Delegacia de Homicídios da Capital (DH), não tem dúvida de que o crime foi uma execução direcionada e sumária. Nos últimos dez meses, pelo menos 16 pessoas com envolvimento político foram mortas em toda a Região Metropolitana — 14 delas na Baixada Fluminense.
Segundo Barbosa, dois criminosos encapuzados e armados com fuzis invadiram o comitê, na esquina das ruas Maria José e Carlos Xavier,e efetuaram diversos disparos contra Falcon, de 52 anos, que morreu na hora. Um terceiro criminoso teria ficado do lado de fora. Testemunhas disseram ainda haver um quarto criminoso e que eles chegaram em um carro HB 20 prata. O tesoureiroda escola de samba, Felipe Guimarães, foi atingido por um tiro de raspão.
“Reunimos todos os parentes na DH para termos uma ideia se ele relatou algum tipo de ameaça. Estamos buscando informações na localidade, onde era uma pessoa muito querida. Vamos dar uma resposta necessária e suficiente. Vamos nos empenhar ao máximo”, informou o delegado, que que não descarta nenhuma hipótese de motivação, inclusive apolítica.
De acordo coma assessoria de Falcon, cinco pessoas, além do presidente da Azule Branca, estavam dentro do estabelecimentono momento do ataque. Na parede do comitê havia pelo menos 17 marcas de balas. Os tiros atingiram diversas partes do corpo da vítima. Os suspeitos fugiram pela Rua Carlos Xavier. “Eu só cai para o lado e não vi mais nada. Ouvi apenas os tiros”, contou uma funcionária do local que não quis se identificar.
O corpo foi retirado do local pelo Corpo de Bombeiros, no início da noite, sob salva de palmas de moradores. A porta-bandeira da Beija-Flor Selminha Sorriso, com quem Falcon era casado há mais de 10 anos, ficou inconsolável quando recebeu a notícia. Ele deixa sete filhos e dois netos.
Marcos Falcon era subtenente da Polícia Militar e estava licenciado do cargo para o período eleitoral. Em abril de 2011, foi preso e expulso da PM acusado de pertencer a milícia que atuava nos bairros de Oswaldo Cruze Madureira, região da agremiação. Na época ainda diretor de Carnaval da Portela, ele foi detido quando levava Paulo Ferreira Júnior para se apresentar à Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Draco).
Por falta de provas, a Justiça inocentou Falcon de todas as acusações, e o processo foi arquivado apedido do Ministério Público. Ele, então, foi reintegrado à Polícia Militar em 2013. O velório de Falcon está marca dopara hoje, a partirdas8h, na quadrada Portela, em Oswaldo Cruz. O corpo será enterrado no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap. O horário ainda não tinha sido informado até o fechamento desta edição.
Falcon tinha sofrido, antes, quatro atentados, levado 18 tiros e passado por nove cirurgias