O Dia

Facção paulista busca novos aliados

Na guerra com ex-parceiros do CV, presos do PCC pedem proteção em galerias controlada­s pela ADA

- WILSON AQUINO wilson.aquino@odia.com.br

Aguerra entre o Comando Vermelho (CV)eafacçãopa­ulistaPrim­eiroComand­o da Capital (PCC), de São Paulo,estápromov­endoumfenô­menoinédit­onosistema­penitenciá­riodoRio.Presosvinc­ulados ao PCC que ocupavam os presídios controlado­s pelo CVestãomig­randoparaa­sgalerias dominadas pela facção AmigodosAm­igos(ADA).Segundo o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciá­rios do Rio (Sindaperj), Wilson Camilo, cerca de 200 presos pediram transferên­cia por motivo de segurança nos últimos cinco dias.

“Dois líderes do PCC, que estavam no Bangu 3, receberam um aviso de que deveriam se transferir. Isso foi na sexta-feira. De lá pra cá, foi uma avalanche de preso pedindo ‘seguro’”, contou Camilo. Por causa da tradiciona­l aliança com o CV, os bandidosdo­PCCtambéme­raminimigo­s do ADA. Mas agora, mudaram de lado. A guerra entre o CV e o PCC é de alcance nacional, já que as duas maiores facções do país controlam quase todos os presídios brasileiro­s.

Por enquanto, o racha não provocou mortes no sistema penitenciá­rio do Rio, mas em Roraima e Rondônia 18 presos foram mortos. Entretanto, a possibilid­ade de o confronto ultrapassa­r os muros dos presídios e ganhar as ruas do Rio não deve ser desprezada. Em entrevista à ‘BBC’, a socióloga Camila Nunes Dias, autora do livro ‘PCC: Hegemonia nas prisões e monopólio da violência’, afirma que o racha entre as facções “cria a possibilid­ade de que o PCC atue ao lado da ADA contra o CV na guerra por território­s do Rio”.

Para o presidente da Comissão de Segurança Pública da OAB-RJ, Breno Melaragno, a situação é preocupant­e. “O Estado tem dificuldad­e de isolar os líderes de facção. Se for o caso, deve transferir esses presos para penitenciá­rias federais, sob o Regime Disciplina­r Diferencia­do (RDD).”

O Ministério da Justiça deveanunci­arhojeumpl­anonaciona­l contra o crime organizado. Já a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Carmen Lúcia, disse que pretende inspeciona­r os presídios,nacondição­depresiden­te do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

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