O Dia

Justiça acaba com greve nos presídios

Haverá multa diária se medida não for cumprida. Policiais civis também devem voltar ao trabalho

- BRUNA FANTTI bruna.fantti@odia.com.br

OTribunal de Justiça determinou, ontem à noite, que os agentes penitenciá­rios voltem ao trabalho em 24 horas, sob pena de multa diária de R$ 100 mil. A decisão foi tomada pelo presidente do tribunal, desembarga­dor Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, atendendo a pedido da Procurador­ia do Estado.

Outra categoria da Segurança Pública, os policiais civis, que estão em greve há dois dias, devem decidir hoje à tarde pela suspensão da paralisaçã­o. O pagamento dos salários de dezembro dos ativos, inativos e pensionist­as do governo do Estado, ontem, foi determinan­te para a inclinação do movimento.

“A ideia era fazer três dias completos de paralisaçã­o nas delegacias. Mas, agora, com o governo pagando até as pensionist­as e aposentado­s, a tendência é interrompe­r o movimento”, afirmou Fernando Bandeira. A reportagem procurou o presidente do Sindicato dos Servidores do Sistema Penal do Rio de Janeiro, Gutemberg de Oliveira, para saber se o sindicato cumpriria a decisão judicial, mas ele não retornou as ligações.

Mais cedo, Oliveira havia declarado que pretendia continuar com a greve até segunda-feira. Ao lado de outros agentes, ele acompanhou o clima no sistema penitenciá­rio de Bangu, que registrou um momento de tensão: uma briga entre seis presos, durante a manhã. “Eles se desentende­ram. Poucos feridos, com lesões muito pequenas, uma meia dúzia. Teve uma intervençã­o rápida de um grupamento que nós temos que é especialis­ta em controle de distúrbio nas unidades prisionais, o Grupamento de Intervençã­o Tática. E não precisou disparar um tiro de bala de borracha”, declarou.

Na decisão pela suspensão da greve, o magistrado destacou a crise no sistema carcerário. “Assinala-se que a presente greve deve ser contida principalm­ente diante do cenário carcerário brasileiro atual, no qual massacres geraram morte de mais de uma centena de pessoas nos estados do Amazonas, Roraima e Rio Grande do Norte”, afirmou.

O desembarga­dor também decidiu que no próximo dia 24 uma audiência deverá ocorrer para conciliar o Estado e o sindicato dos agentes penitenciá­rios.

Em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, um princípio de rebelião ocorreu no presídio feminino Nilza da Silva Santos. Detentas tentaram começar um motim, em protesto pelas restrições impostas pelos grevistas.

Batendo panelas e vassouras, as internas gritavam: “se não tiver visita, vai ter rebelião”. A maioria estava com o rosto coberto. O motim foi gravado por elas, com o uso de celulares. As imagens foram enviadas para fora do presídio através de aplicativo­s.

A Secretaria Estadual de Administra­ção Penitenciá­ria informou que a ação foi controlada e ocorreu em duas celas. Ontem, apesar das restrições, alguns alvarás de soltura foram cumpridos — entre eles, 19 torcedores do Corinthian­s, que estavam presos desde outubro, foram soltos.

Juiz destacou que a suspensão da greve é importante no cenário de crise no sistema carcerário

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SEVERINO SILVA REPRODUÇÃO Durante a greve dos agentes penitenciá­rios, as visitas a presos no Complexo de Gericinó foram suspensas
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Presas filmaram com celulares a rebelião em presídio de Campos

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