O Rio de DARCY
Há 20 anos, morria o criador dos Cieps, que comandou projetos ousados que marcam a paisagem fluminense
Em novembro de 1986, Darcy Ribeiro, então vicede Leonel Brizola, perdeu a eleição para governador. O professor sabia que a derrota colocava em riscoos projetos ousados que desenvolvera desde 1983 no Rio de Janeiro, que ele chamava de“província mais bel ada Terra ”. Na última sexta-feira, a morte de Darcycomplet ou 20 anos — e sua falta é sentida por muita gente no estado, onde as marcas de sua atuação são visíveis por todos os lados. Por sua vez, o vencedor daquela eleição, Moreira Franco, acaba de ser promovido a ministro, com foro privilegiado.
“Foi um momento muito duro que testemunhe ide perto. Um desastre. N odiada eleição, ele já sabia que iria perder”, recorda a escritora Rosisk aD arcy de Oliveira, assessorado vice-governador durante o mandato. “Ele foi à minha casa. Não queria ouvir os fogos (do rival). Ficou muito abalado. Não por ele, porque Darcy não se preocupava com o Poder. Ele se importava com o poder do Poder.”
Foi preocupado como poder dos‘ fazimentos ’, como dizia, que Darcy idealizou e criou no Rio mais de 500 ‘escolões’. Os Cieps, hoje, são considerados, deforma consensual, um projeto revolucionário na história da Educação brasileira—eviraram a principal lembrança da gestão Brizola e uma presença marcante na paisagem arquitetônica do Rio.
Na concepção dos Cieps, a criança deveria vivenciar, além doensinotr adicional, experiências de esporte e cultura, além de contar com assistência médica. E se alimentar três vezes por dia. “A semente revolucionária do Cie pé a integraçãoent reeducação e cultura. É oque permite democratizar o saber ”, opina a professora Lia Faria, daUerj, que integrou a equipe de Darcy.
“Darcy e Brizola trazem uma perspectiva totalmente diferente de quem acha que a marginalidades e resolve com mais presídios e com redução da maioridade penal. O projeto( Cieps)e rau ma iniciativa necessária”, aponta Libânia Xavier, professora da UFRJ.
E como Darcyve ria o atual cenário? Com certeza, não estaria satisfeito co maqueda, em 2016, do percentual de estudantes do ensino básico estudando em horário integral no país (eram 16,7% em 2015, e agora são 9,1%). “Estaria furioso. A maior homenagem a ele é a nossa indignação”, defendeu Lia Faria, em seminário da Fundação Darcy Ribeiro, na semana pasada.