O Dia

Meus dois mundos

- Gabriel Chalita Professor e escritor

Moram em mim dois mundos. Um me eleva. O outro, não. Um me apresenta o dia como um canteiro de felicidade­s. O outro me faz desconfiar.

Um me traz pessoas e suas histórias para que eu possa compreende­r. O outro me esconde com medo dessa compreensã­o.

Um me elege para vencer obstáculos. O ou trom ecoloca um alente estranha que faz os obstáculos serem maiores do que de fato são.

Um me relembra o ontem para que as emoções me aqueçam. O outro me relembra o ontem para que e usai baque nunca mais terei aforça que tive.

Um me mostra o amanhã repleto decenários que vãos e modificand­o acada ação minha. O outro mostra os mesmos cenários, cheios de feiuras, de doenças, de dependênci­as.

Um me faz livre. O outro me escraviza.

Há tempos, convivo com os dois. Não me lembro, aliás, se houve algum tempo em que apenas um deles existisse. Se houve, eu ainda não era eu. Ou, se já era, não sabia. Há circunstân­cias que me fazem alimentar o mundo que me alimenta e há outras em que alimento aquele que não me alimenta. Tento compreende­r as diferenças. As minhas diferenças. De vez em quando, deixo um ou outro mais forte dentro de mim. Nem sempre é simples.

Há momentos em que um vazio me preenche. Vazios não preenchem ninguém. Sim, mas o mundo que me diminui me traz um vazio como qual fica difícil receber outros visitantes. E eu permito. Em elanço apensar noque não me faz bem. E o vazio aumenta. E as minhas reações são diferentes daquelas que eu teria se tivesse alimentado o mundo que me alimenta. O que me alimenta me traz a generosida­de, a fraternida­de,a compreensã­o. Nada disso convive como tal do vazio. O mundo que me faz egoísta, se eu pensasse um pouco, não me faria. Se eu pensasse que, depois de uma ação egoísta, nunca vem a felicidade, eu agiria de uma outra maneira. Mas, no vazio, o pensamento fica preguiçoso. E não percebo o que deveria perceber.

O mundo generoso não usa a tal lente estranha. Pelo contrário. Retira-a. Para que eu veja com os meus próprios olhos. Para que os meus olhos alimentem os meus sentimento­s. Para que os meus sentimento­s não briguem com os meus pensamento­s. Para que os meus pensamento­s sejam repletos de boas intenções. Para que as minhas boas intenções me levem a ações que me façam generoso.

A carência em demasia me faz exagerar. Exagerar no ciúme, na possessão, na vaidade. Esqueço o outro. E vivo em função das minhas idiossincr­asias. Quero o aplauso, o reconhecim­ento, o elogio. Quero como um ser dependente. Quero como se me frustrasse, definitiva­mente, por não ser o centro das atenções. E, por isso, me diminuo. Soberbamen­te, me diminuo.

O mundo que me eleva também sabe das carências. Mas me faz supri-las de outras maneiras. Abraçar-me amim mesmo nunca mesa tis fará.Éoo ut roquem e completa. Não como resultado da minha projeção. M ascomo ouvinte de uma mesma canção que se dá no tempo do encontro. Nossos olhares ora se cruzam, ora contempla moque o mundo generoso te manos oferecer. O mundo mesquinho me faz querer tudo. Ganancioso, vou me perdendo. O mundo generoso me faz encontrar as razões da partilha. Vou compreende­ndo que nada me pertence. Nem mesmo as pessoas

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