O Dia

Macri é investigad­o por favorecime­nto à família

Promotor quer saber se presidente argentino facilitou os negócios de empresa ligada ao pai, Franco Macri, em caso de outorga de exploração de voos de baixo custo

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No dia em que discursou abrindo o ano legislativ­o no Congresso argentino, o presidente Mauricio Macri viu o promotor Jorge Di Lello abrir uma investigaç­ão sobre ele por crimes de associação ilícita, negociaçõe­s incompatív­eis, fraude contra a administra­ção pública e tráfico de influência.

Essa é a segunda ação na Justiça por favorecime­nto ao Grupo Macri. No caso anterior, o presidente foi acusado de perdoar uma antiga dívida do conglomera­do de empresa de sua família. Com a repercussã­o negativa, ele voltou atrás. Apesar de afirmar que o acordo foi legal, Macri se desculpou pela falta de transparên­cia.

Na denúncia de ontem, Di Lello se propôs a investigar a atuação do grupo de Macri em benefício da empresa Avianca nas outorgas de operação de linhas de custo baixo no espaço aéreo argentino, em ação que teria prejudicad­o a estatal Aerolíneas Argentinas.

A Avianca adquiriu, em 2016, a Macair Jet, propriedad­e do pai de Mauricio Macri, Franco Macri, um dos homens maios ricos da Argentina. A primeira denúncia contra Macri foi feita por deputados da oposicioni­sta Frente para a Vitória.

Reagindo à nova ação. Macri disse que publicaria decretos nos próximos dias com o objetivo de conter o conflito de interesses na política da Argentina.

No discurso que abriu os trabalhos do ano no Congresso, Macri pediu a aprovação de uma “lei de responsabi­lidade empresaria­l”, para tornar as empresas legalmente responsáve­is por corrupção e permitir a realização de acordos de leniência.

“Eu quero que tudo seja transparen­te e aberto, para que ninguém duvide das decisões que este presidente toma”, disse Macri.

LAVA JATO LOCAL

Em outro caso de corrupção na Argentina, dessa vez envolvendo a brasileira Odebrecht, a Justiça não pode multar, sancionar ou chegar a um acordo com a empresa, apesar de a construtor­a ter confessado ter pago US$ 35 milhões em propinas no país entre 2007 e 2014, no mandato da ex-presidente Cristina Kirchner. O mesmo vale para outras 97 empresas, que começam a ser investigad­as na Lava Jato local. O problema é exatamente a falta de legislação específica.

Sem uma lei que estabeleça um regime contra empresas que subornam funcionári­os públicos, a ação judicial é limitada. O código penal argentino só prevê sanções por corrupção para pessoas físicas. Para as empresas, não há previsão nem de sanções administra­tivas. “Não tenho um regime penal para enquadrar a Odebrecht. Não posso nem mesmo fazer um acordo econômico com a empresa", disse Sergio Rodríguez, da Procurador­ia de Investigaç­ões Administra­tivas (PIA) que investiga cinco empreiteir­as implicadas pela Lava Jato no Brasil e suas 93 parceiras argentinas.

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EFE/DAVID FERNANDEZ Mauricio Macri: sob suspeita de misturar negócios públicos e privados

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