Crimes bárbaros chocam Paraty
Novo comando do batalhão da PM tem o desafio de barrar índices maiores que os de outras regiões
Com uma loja de roupas funcionando há 25 anos no coração do centro histórico de Paraty, o comerciante Jonathas Quintão, de 28 anos, foi vítima de dois assaltos em duas semanas, em fevereiro. No mesmo mês, durante o Carnaval,umcrimebárbarochocou a cidade, que abriga a maior festa literária do país, a Flip: um homem foi decapitado na frente de moradores e teve a cabeça queimada.
Oíndiceéduasvezessuperior ao total do estado. A sensação de insegurança no município fez com que a Polícia Militar trocasse o comando dobatalhãoresponsávelpelo policiamento na região. Desde a quinta-feira, o tenentecoronelAndréLuizdeCastro Maia, 54, está à frente do 33º BPM (Angra dos Reis), que engloba as cidades de Paraty, Mangaratiba e Rio Claro. O oficial estava na SubcoordenadoriadasUPPsejácomandou os batalhões da Maré e de São Cristóvão, regiões onde conseguiu reduzir os índices de criminalidade.
Castro Maia tem um grande desafio pela frente. De acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP), a taxa de homicídios foi de 6,07 por 100milhabitantesnaáreacoberta pelo batalhão.“Espero que a mudança faça diferença. Você pode caminhar por tudo aqui e não vê nenhum policial”, afirmou a moradora Karen Messias, 47. O fato foi constatado pela reportagem. No centro histórico, durante cinco horas, na terça, não foi vista nenhuma viatura policial, somente seguranças armados.
Toda a região é monitorada por câmeras, que nem sempre funcionam. É o que relata Quintão, que procurou imagens de um dos arrombamentosquesualojasofreu. “A loja fica atrás da Igreja de Santa Rita, que tem várias câmeras. Fui na igreja e falaram que as câmeras estavam com problemas”, disse.
No primeiro assalto, os criminosos arrombaram a loja e levaram pratarias e roupas. No segundo, levaram lenços artesanais. “Em outro assalto, há dois anos, bandidos usaram armas. Avalio em R$ 15 mil o prejuízo, fora o transtorno, sem contar o valor imaterial de alguns objetos”, desabafou.
Em um dos crimes, a própria Polícia Civil orientou o comerciante a procurar a segurança privada. O empresário vai investir em um sistema próprio de câmeras. Outro comerciante, de uma chapelaria, investiu em uma cerca eletrificada em sua loja, após um furto na madrugada durante o Carnaval. A PM não quis comentar os casos, mas disse que faz policiamento a pé e em rondas na cidade.