Seis mil profissionais em tratamento
Transtornos psicológicos por violência e estresse afastam 20% dos motoristas e cobradores das funções na região
‘Rolou um estresse e acabei ficando cansado disso tudo. Meu cabelo caiu no ladodireito.Adquirihipertensãoehojetomoremédioduas vezes por dia”. O relato é do motorista Wladimir Garcia deMatos,41.Omedoeaexposiçãoconstanteaassaltoscausaramnoprofissionalumasérie de problemas de saúde ao longo dos quatro anos em que dirigiu ônibus. No ano passado, abandonou o ofício e foi trabalhar com o aplicativoUber,depoisdeumaagressão que sofreu em agosto.
A história de Wladimir, contada na série ‘Passageiros daAgonia’,ilustraumproblema crônico no Grande Rio. Transtornos psicológicos e psiquiátricos causados pela violência urbana e pelo estresse do trânsito mantêm 6 mil motoristas e cobradores afastados de suas funções para tratamento em Niterói, São Gonçalo, Maricá, Itaboraí e Tanguá. Equivalem a 20% do efetivo (um a cada cincoprofissionais)de30empresas de transporte que atuam nessas cidades.
Os dois assaltos a ônibus ocorridos em sequência ontememNiteróilevaramoSindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Passageiros de Niterói a ArraialdoCabo(Sintronac)adivulgar a estatística. De outubro de 2015 a outubro de 2016, 6.998 atendimentos (quase 20 por dia) com psicólogos e 2.252 (seis por dia) com psiquiatras foram realizados pelos rodoviários, segundo sindicato.
“Coletivos que circulam na Av. do Contorno e nas vias de acesso à Ponte Rio-Niterói, pelo lado da capital, são alvos diários de marginais. Essas práticas criminosas requerem medidas urgentes da Segurança Pública do estado”, cobrou o presidente do sindicato, Rubens dos Santos Oliveira.
Segundo o Sintronac, ofícios foram enviados no início do ano passado aos 5º, 7º e 12º BPMs (Praça Mauá, São Gonçalo e Niterói) pedindo reforço na segurança. O sindicato ressalta que as solicitações não surtiram efeito. Já a PM diz que faz operações rotineiras de abordagem e revista em ônibus para coibir práticas delituosas nas regiões.