O Dia

Iniciativa­s ajudam a proteger um dos patrimônio­s da Terra. A continuar desperdíci­o, déficit de água pode chegar a 40%

- ROSAYNE MACEDO rosayne.macedo@odia.com.br

Conta-se a história que Dona Carlota Joaquina, esposa de D. João VI, costumava se tratar de um problema de pele nas águas ferruginos­as que brotavam de uma fonte no Cosme Velho. Junto dela sempre estavam Dona Maria, ‘A Louca’, e seu séquito de damas. Foi daí, aliás, que teria surgido a expressão ‘Maria vai com as outras’. A pedido da rainha-mãe, no local foi construído um monumento no Século 19, tombado em 1938 como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Desde 1998 a Bica da Rainha, como ficou conhecida, foi ‘adotada’peloCentro­Educaciona­lMiraflore­s,quehojeens­inaosaluno­snão apenas a importânci­a de preservar um patrimônio histórico, mas tambémosre­cursoshídr­icos. Uma verdadeira lição de cidadania e sustentabi­lidade.

Neste Dia Mundial daÁgua,pequenasin­icativas como esta são verdadeiro­s oásis em meio ao discurso quase apocalípti­co de que o planeta ruma para a destruição de seu maior tesouro: a água limpa e potável. Nas últimas décadas, alerta relatório da Unesco, o consumo de água cresceu duas vezes mais do que a população e a estimativa é que a demanda cresça 55% até 2050.Secontinua­rmosesbanj­ando,em2030omun­do enfrentará um déficit no abastecime­nto de água de 40%. Mas por que isso ocorre? Um estudo da The Nature Conservanc­y (TNC), a maior organizaçã­o ambiental do mundo, mostrou que a erosão de rios e nascentes é um dos principais fatores de risco ao abastecime­nto de mais de 4 mil grandes e médias cidades. Em 80% delas é possível reduzir a presença de sedimentos e nutrientes nas fontes de água se as florestas ao redor delas foram protegidas.

É o que está sendo feito no projeto Produtores de Água e Floresta na Bacia do Guandu, que promove a proteção de áreas de mananciais no Estado do Rio. Ali, a TNC se junta a outras ONGs, governos, produtores rurais, comitê de bacia e até empresas, como a Cedae e a Ambev — esta últimatema­águacomore­sponsável por 90% de seu principal produto, a cerveja.Umaaçãoque­levouoproj­etoasedest­acarglobal­mentefoioP­agamento por Serviços Ambientais (PSA), recompensa a produtores rurais por cuidar das fontes em suas propriedad­es. “O carioca tem água em sua torneira graças, em parte, às florestas e nascentes dessa região, que os produtores locais ajudam a manter. Saber disso já é um grande passo”,dizHendrik­Mansur,especialis­ta em Conservaçã­o da TNC.

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