Para Janot, Gilmar Mendes sofre de ‘desinteria verbal’
Procurador-geral reage depois deduras críticas a vazamentos feitas pelo ministro do STF
Oprocurador-geral da República, Rodrigo Janot, sem citar nomes, disse ontem que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes sofre de “disenteria verbal”. Janot reagiu às acusações, feitas na terça-feira pelo ministro, de que integrantes do Ministério Público Federal (MPF) teriam realizado uma “entrevista coletiva” informal para vazar informações sigilosas da Lava Jato.
Mendes havia pegado bem pesado na véspera. “Vazamento é eufemismo para um crime que os procuradores certamente não desconhecem”, disse, durante sessão da Segunda Turma do STF. “Só posso atribuir tal ideia a mentes ociosas e dadas a devaneios, mas, infelizmente com meios para distorcer fatos", rebateu o procurador.
O conflito teve origem em um artigo publicado no domingo na Folha de S.Paulo, segundo o qual a procuradoria divulgou extraoficialmente, em reunião com jornalistas, alguns dos nomes dos políticos que são alvo dos 83 pedidos de inquérito sigilosos enviados por Janot ao STF na semana passada.
Irritado, Gilmar aproveitou a sessão de terça-feira para passar um pinto na procuradoria. “A violação do sigilo está no artigo 325 do Código Penal. Mais grave é que a notícia dá conta dessa prática dentro da estrutura da PGR. Isso é constrangedor.”
Janot não deixou por menos. “É uma mentira, que beira a irresponsabilidade, afirmar que realizamos, na Procuradoria-Geral da República, coletiva de imprensa para 'vazar' nomes da Odebrecht”, afirmou Janot.
Para uma plateia de procuradores e jornalistas, em reunião do Ministério Público, Janot disse que “em projeção mental, alguns tentam nivelar todos à sua decrepitude moral”.“Para isso acusam-nos de condutas que lhes são próprias”, disse, questionando também a proximidade de Mendes com o presidente Temer, com quem se reúne repetidamente. “Procuramos nos distanciar dos banquetes palacianos”, disse.
Janot enviou os 83 pedidos de abertura de inquérito ao STF em 14 de março. Desde então, mais de 40 nomes, entre os cerca de 100 políticos citados já foram vazados.