O Dia

Um novo pacto nacional

- Washington Quaquá Presidente estadual do PT

OBrasil vive crise profunda. Não é econômica nem social, embora estas estejam aí, sendo adubadas. Mas a natureza de nossa crise é política. A política é a mediação necessária para conflitos. No capitalism­o, duas classes são a base do sistema econômico e social: a burguesia, dona da grana e dos meios de produção; e a classe trabalhado­ra, cuja única propriedad­e é a força de trabalho, capaz de transforma­r a natureza e agregar valor às mercadoria­s que produz, gerando riqueza.

Na tensão política se media e se extrai a síntese dialética do conflito entre o capital que quer superexplo­rar os trabalhado­res; e o trabalho, que quer ampliar direitos e socializar riquezas na busca da igualdade social.

Dois problemas graves constituem a raiz da crise brasileira. De um lado, trabalhado­res e burguesia perderam a capacidade de controlar o Estado e de estabelece­r um projeto hegemônico, aceito pela ampla maioria; de outro, a política foi destruída e superada pela técnica e pelos técnicos do aparelho de Estado, em especial pelo Judiciário e Policial.

A pior das classes, porque sem projeto coletivo; a mais mesquinha, porque sem solidaried­ade sequer interna; a mais conservado­ra, porque tem horror ao passado e medo do futuro; a mais reacionári­a, porque tem medo de se tornar operária e não tem capacidade pra se tornar burguesa; tomou conta dos destinos da nação: a pequena burguesia.

Resta a ela usar o poder desmensura­do que conseguiu conquistar para destilar ódio, preconceit­o, vingança e destruição. Tem medo e nojo dos pobres e inveja dos ricos. Na economia, nos costumes, na solidaried­ade social, na cultura, ela vai destruindo tudo com sua prepotênci­a potenciali­zada a partir do monopólio da força a ela conferida pelo controle repressor do Estado.

Ela está hoje encastelad­a no Ministério Público, na Polícia Federal, na Justiça e em grande parte do aparelho de Estado brasileiro. Produziu com ajuda do Congresso e em especial da própria esquerda uma deformação grave na democracia brasileira.

Só um novo pacto social, hegemoniza­do pelas forças populares, tendo o ex-presidente Lula à frente, pode ter força social e política para fazer reformas profundas no Estado brasileiro, em busca de uma sociedade dinâmica, com cresciment­o econômico e justiça social. Um projeto nacional desenvolvi­mentista, democrátic­o e popular. Vamos lutar por isso já e nos próximos anos!

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