“Foram escolhas políticas e econômicas que fizeram com que elas fossem sucateadas e abandonadas
entroncamentos ferroviários da América Latina — entre Rio, São Paulo e Minas —, o cineasta tem ainda hoje parentes que trabalharam ou viveram de alguma forma ligados à antiga ferrovia. O bisavô materno, por exemplo, foi agente de estação. “O assunto tem uma relevância não só para a região, mas para pensar todo o processo de desenvolvimento brasileiro nos últimos dois séculos, bem como entender melhor sobre as formas de vida que surgiram no ápice e no declínio do transporte ferroviário”, acredita o diretor.
O cineasta ressalta que a escolha do tema do documentário se justifica pela importância que a ferrovia teve no Brasil e, sobretudo, na região do Vale do Paraíba. Ele garante também que o desenvolvimento urbano e econômico trazido pela linha férrea é fundamental para entender parte da história brasileira. “E também nos interessa saber as memórias e histórias de vida daqueles que já se dedicaram à ferrovia de uma forma ou de outra”, destaca.
Gabriel Barbosa lembra ainda um outro aspecto bastante importante. É que a ferrovia surge no Brasil em um momento bastante conturbado do século XIX, quando as forças produtivas da nascente burguesia industrial rivalizava com uma superpotente oligarquia agrária. Ao mesmo tempo, não se pode negar que ela foi um dos principais motores da industrialização das cidades. “E isso tudo no contexto do estado imperial de D. Pedro II. Para além de ser um escoamento mais eficiente e barato da produção agrícola, também fundaram núcleos urbanos importantes, como o Vale do Paraíba e todo o subúrbio carioca”, avalia Gabriel Barbosa.