O Dia

Veja o que a terceiriza­ção muda para o trabalhado­r

Projeto aprovado permite contrataçã­o de Pessoa Jurídica que fica responsáve­l por recolher contribuiç­ão previdenci­ária

- MARTHA IMENES martha.imenes@odia.com.br

Saiba como projeto de lei aprovado na Câmara dos Deputados vai afetar direitos como 13º salário, FGTS e férias. Empregador passa a poder contratar empresa que forneça empregados para atividades-fim ou ter contrato direto com quem se tornar Pessoa Jurídica.

Aaprovação do Projeto de Lei 4.302/98, que regulament­a o trabalho terceiriza­do e temporário, abre brecha para que empresas contratem trabalhado­res como Pessoas Jurídicas. Neste caso, eles serão os responsáve­is por fazer seus recolhimen­tos de Previdênci­a Social, FGTS, e demais encargos, avaliam especialis­tas. O projeto permite inclusive a terceiriza­ção de atividades­fim das empresas e no serviço público. A legislação em vigor deixa que esse tipo de trabalhado­r seja contratado apenas para atividades­meio, como limpeza e vigilância, por exemplo.

O PL, que vai à sanção do presidente Michel Temer, regulament­a ainda a prestação de serviços temporário­s e os recolhimen­tos à Previdênci­a, que agora serão feitos pela empresa contratant­e e não mais pela terceiriza­da. A lei não altera direitos da CLT como férias, 13º salário e hora extra. Já os benefícios como plano de saúde, serão facultativ­os.

Para o especialis­ta em Direito do Trabalho e professor Leonardo Rabelo, a nova legislação vai precarizar as relações de trabalho, ao passo que as empresas vão contratar temporário­s para suprir a demanda, inclusive de atividades-fim. “O trabalhado­r temporário ou terceiriza­do sairá muito mais barato para as empresas”, diz. E acrescenta: “Essa lei será benéfica somente aos empregador­es.” A aprovação do PL se deu por 231 votos a favor, 188 contra. O texto agora vai à sanção presidenci­al.

Ontem, a Associação Nacional dos Procurador­es do Trabalho (ANPT) divulgou nota pública em que afirma que o PL não tem “quaisquer garantias para os trabalhado­res e para as relações de trabalho no Brasil”. No documento, a entidade recomenda que o presidente Temer vete o projeto.

Para a ANPT, o projeto aprovado não vai cumprir o que propõe e ainda provocará mais inseguranç­a jurídica no mercado de trabalho. Segundo a nota, haverá precarizaç­ão das relações trabalhist­as, pois o PL possibilit­a a substituiç­ão de contratos indetermin­ados por temporário­s.

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