O Dia

Pezão ameaça cortar salários

Medida pode não vingar. PGE estuda entrar com ação para Uerj manter atividades

-

Acrise que assola a Uerj devido à falta de repasses e atrasos salariais levou a Reitoria da universida­de a adiar, há dois meses, o início das aulas. Somando-se a isso, os técnicos administra­tivos estão em greve desde janeiro. E na tentativa de forçar o retorno às atividades, o governador Luiz Fernando Pezão ameaçou ontem o corte de 30% dos salários dos professore­s e funcionári­os da instituiçã­o, o que gerou indignação das categorias. A medida, no entanto, não deve vingar devido a barreiras jurídicas, e a Procurador­ia Geral do Estado (PGE) estuda entrar com ação na Justiça para que a unidade funcione em breve.

Caso a PGE decida entrar com alguma ação, o mais provável é de que seja direcionad­a apenas aos técnicosad­ministrati­vos — que estão em greve —, para que eles mantenham um percentual de funcionári­os nas atividades da universida­de.

Apesar de ter afirmado ao longo do dia de ontem a intenção do corte salarial, o governador Luiz Fernando Pezão disse que ainda é preciso aguarda para concluir o que se pode fazer. “A Procurador­ia pediu para estudar melhor o que de fato será feito”, disse Pezão à coluna. “O mais importante é o retorno às aulas”, completou.

A PGE informou, por nota, que “atendendo à solicitaçã­o do governador , está estudando medidas judiciais para garantir o retorno às aulas da Uerj”.

“MÃOS ATADAS”

Para o especialis­ta em Direito Administra­tivo e professor da PUC, Manoel Peixinho, a PGE está de “mãos atadas”. Ele explica que corte de ponto de servidores em greve só poderia ser feito por meio de decisão judicial.

“Não há muito o que fazer”, disse ele, ressaltand­o que “quando o Tribunal julgar uma possível ação avaliará se o estado está cumprindo com suas obrigações”. “O adiamento das aulas e a greve de servidores ocorrem devido à total falta de condições de trabalho, como falta de segurança e limpeza, além dos atrasos salariais”, ressaltou Manoel Peixinho.

Para os professore­s e técnicos da Uerj, a declaração de Pezão é uma “ameaça”. Em resposta, os sindicatos dos professore­s (Asduerj) e dos técnicos (Sintuperj) dizem que se houver corte salarial eles entrarão na Justiça para obter Mandado de Segurança.

“É uma ameaça ilegal. Ele não pode reduzir nosso salário. Não estamos em greve, e se estivéssem­os, primeiro se declara a paralisaçã­o ilegal, e depois corta o ponto”, disse a presidente da Asduerj, Lia Rocha. “Nossa situação é insustentá­vel, e mesmo assim estamos trabalhand­o. Não retomamos as aulas, que á principal tarefa, mas seguimos com pesquisa, banca e orientação”, completou.

Coordenado­ra-geral do Sintuperj, Regina Souza disse que a greve da categoria “foi imposta pelo estado”: “Começou com atrasos salariais em 2015, depois com parcelamen­to. A passagem das pessoas não é parcelada. Não há condições de trabalho”.

 ?? SEVERINO SILVA ?? Sindicatos de professore­s e técnicos da Uerj vão impetrar mandado de segurança caso corte seja efetuado
SEVERINO SILVA Sindicatos de professore­s e técnicos da Uerj vão impetrar mandado de segurança caso corte seja efetuado

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil