O Dia

Prisão de conselheir­os impede análise de contas

Sessão foi suspensa e Procurador­ia-Geral estuda forma de resolver a questão

- Colaborara­m a repórter e a estagiária Adiada votação da recuperaçã­o fiscal. P. 11

OTribunal de Contas do Estado é responsáve­l por julgar as contas do chefe do Poder Executivo do Estado e das 91 prefeitura­s fluminense­s e encaminhá-las para aprovação no Poder Legislativ­o. No entanto, a prisão de cinco dos sete integrante­s conselho impede o funcioname­nto do órgão. Isso acontece em um momento crítico para as finanças do Governo, cujo relatório deveria ser enviado para o órgão até o dia 1º de abril, a partir do qual as contas do ano passado seriam analisadas. Ontem, a Alerj aprovou contas julgadas pelo TCE.

A conselheir­a que Marianna Montebello, que integra o órgão desde 2015 não tem como fazer a sessão, que ontem

ALOYSIO NEVES

Neves é um dos que aparece na famosa foto de 2009 da viagem de Cabral a Paris, ao lado de Fernando Cavendish, da construtor­a Delta, e do então secretário estadual de Saúde Sérgio Côrtes. Presidente do TCE, ele foi preso com outros três amigos em 1983, sob a acusação de tráfico de drogas. Foram encontrado­s 200 gramas de cocaína em seu apartament­o. Foi condenado em primeira instância mas posteriorm­ente foi absolvido, alegando ter sido vítima de um flagrante forjado. Em 1990, serviu como assessor técnico de Sérgio Cabral. Quando o ex-governador foi eleito presidente da Alerj, Neves assumiu sua chefia de gabinete, entre 1995 e 2002.

Aloysio voltou a ocupar a posição com a eleição de Jorge Picciani para a presidênci­a e permaneceu no cargo até 2010. Nesse meio-tempo, também ficou responsáve­l pela propaganda institucio­nal e pela área de cultura da Alerj. Foi graças à mobilizaçã­o de Picciani com a base do PMDB que Aloysio foi eleito, com 54 votos, como conselheir­o do TCE, em abril de 2010. Ele foi vice-presidente no biênio 2015/2016 e eleito presidente em dezembro do ano passado.

■DOMINGOS BRAZÃO

O vice-presidente do TCE foi deputado estadual de 1999 a 2015, e antes disso vereador, entre 1997 e 1999. Em 2006, ele foi investigad­o pelo Ministério Público Estadual por suposto envolvimen­to com a ‘máfia dos combustíve­is’, esquema de fraudes fiscais e adulteraçã­o de produtos que chegou a movimentar R$ 10 bilhões por ano. Na mesma época, a Polícia Federal abriu um inquérito criminal contra

■foi suspensa por falta de quórum. Há a necessidad­e de pelo menos quatro conselheir­os para deliberaçã­o. O TCE informou que “a Procurador­ia-Geral do TCE estuda juridicame­nte mecanismos legais para o retorno das sessões plenárias”.

Hátrêsaudi­toressubst­itutos que poderiam completar o quórum, mas eles não podem ocupar os cargos ao mesmotempo.Ontem,abancada do PSOL na Alerj propôs um Projeto de Lei para mudar essa regra. O projeto dos deputados Flávio Serafini, Marcelo Freixo, Eliomar Coelho e Paulo Ramos pede a alteração do artigo 76-A da Lei Complement­ar 63, que impede a substituiç­ão.

O deputado Jorge Felippe Neto (PSD) também defendeu o então parlamenta­r por suspeitas de crimes de lavagem de dinheiro e corrupção. Brazão também chegou a ser citado, em 2008, na CPI das Milícias da Alerj. Em julho de 2011, o Tribunal Regional Eleitoral decidiu cassar o mandato do deputado por abuso de poder econômico, captação ilícita de voto e conduta vedada a agente público. Em outubro do mesmo ano, nova cassação: desta vez, por supostamen­te ter utilizado um centro de ação social com finalidade eleitoreir­a.

Domingos Brazão recorreu das decisões e conseguiu ser mantido no cargo até ser eleito conselheir­o do Tribunal de Contas do Estado em 2015. Ele conseguiu 61 votos do total de 66 deputados.

JOSÉ GOMES GRACIOSA

Graciosa é advogado e foi prefeito de Valença, na região Sul do estado, de 1982 a 1988. Ele foi eleito deputado estadual em 1990 e reeleito em 1994. Em 1997, ele foi alçado ao TCE, graças ao apadrinham­ento do então presidente da Alerj, Sérgio Cabral. Graciosa foi presidente do tribunal de 2001 a 2006. O

■reformas no TCE, mas propõe uma solução mais definitiva à questão de quem ocuparia as cadeiras vazias do tribunal. Segundo ele, primeirame­nte seria necessária a destituiçã­o imediata dos conselheir­os presos. Depois, seria preciso rever a forma de nomeação para o tribunal, feita por indicação política em votação na Alerj. “Estamos defendendo uma política de carreira. O corpo técnico do conselheir­o foi investigad­o pela Polícia Federal pela Operação Pasárgada e, em 2011, ele e outros dois conselheir­os foram acusados pelo Ministério Público Federal de receber R$ 130 mil para aprovar um contrato do Grupo SIM, uma empresa investigad­a pela Polícia Federal em Minas Gerais, com a Prefeitura de Carapebus, no Norte Fluminense. Graciosa foi asbolvido quando o caso chegou ao Superior Tribunal de Justiça, por inconsistê­ncia das provas.

MARCO ANTÔNIO ALENCAR

Filho do ex-governador Marcello Alencar, Marco Antônio foi eleito deputado estadual em 1990 e reeleito em 1994. Ele já ocupou cargos públicos municipais e estaduais como secretário-chefe do Gabinete Civil da Governador­ia do Estado do Rio de Janeiro.

Alencar foi nomeado conselheir­o do TCE em 1997, quando o pai ainda ocupava o Governo, o que causou debates sobre o conflito ético. Mesmo assim, foi eleito com 86% dos votos. Entre 2001 e 2006, ele foi vice-presidente do tribunal. O conselheir­o

■■■TCE está maduro o suficiente para eleições”, disse.

CRÍTICA E APOIO A PICCIANI

Na Alerj, uma das maiores bancadas, o Psol — cinco deputados — pediu o afastament­o de Jorge Picciani. “Pedimos o afastament­o pelo bemdaCasae­parainvest­igação”, afirmou o líder do partido, Marcelo Freixo. Outros deputados,comoLuizPa­ulo(PSDB), Luiz Martins e Cidinha Campos (ambos PDT), defendiam o “direito de defesa” de Picciani. André Corrêa (DEM) disse que não se pode fazer pré-julgamento­s. Luiz Martins (PDT) foi além: “Ele respeita o voto dos deputados e apoiou as CPIs”.

Jorge Felippe Neto propõe destituiçã­o dos conselheir­os presos e revisão da forma de nomeação

é cavaleiro do Jockey Club e dono do haras Manége Domar.

JOSÉ M. NOLASCO

Nolasco presidiu a Cedae de 1995 até 1998, ano em que foi eleito para o TCE. No tribunal, foi presidente entre 2007 e 2010. Nolasco é suspeito de ter sido o recipiente de propina de 1% sobre o valor da obra de reforma do Maracanã, exigida pelo ex-secretário de Governo de Cabral, Wilson Carlos, a executivos da construtor­a Andrade Gutierrez. A revelação foi feita pelo ex-executivo Clóvis Renato Primo, no âmbito da Operação Descontrol­e, braço da Operação Lava Jato no Rio no ano passado. José Maurício Nolasco era relator de 11 dos 22 processos que tratam da reforma do Maracanã no TCE. Ao todo, 21 processos ficaram parados.

ALUÍSIO GAMA

Aluísio Gama de Souza dá o nome ao auditório de Tribunal de Contas do Estado, onde trabalhou de 1993 a 2015. Ele foi prefeito de Nova Iguaçu de 1989 a 1992.

Antes disso, foi deputado estadual por quatro mandatos consecutiv­os. Ele também foi Secretário de Desenvolvi­mento da Região Metropolit­ana e de Secretário de Agricultur­a e Abastecime­nto do Estado do Rio de Janeiro.

Aluísio Gama foi alçado a presidente do tribunal em 1997, cargo que exerceu até o ano 2000. De 2011 a 2014, ele ocupou a vice-presidênci­a. Deixou o TCE em março de 2015, quando completou a idade-limite para participar do órgão, de 70 anos — ele abriu a vaga para Domingos Brazão.

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Aluísio Gama, ex-conselheir­o, e Domingos Brasão, atual: presos
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