O Dia

Pré-acordo pode evitar que União bloqueie as contas do Estado do Rio

Relator do projeto de recuperaçã­o fiscal quer fazer mais ajustes no texto para garantir aprovação

- Paloma Savedra e-mail: economia@odia.com.br

Não foi só a turbulenta situação política do Rio, agravada ontem pela Operação Quinto do Ouro da Polícia Federal — que resultou na prisão de conselheir­os do TCE — que levou ao adiamento da votação da recuperaçã­o fiscal na Câmara. A necessidad­e de fazer ajustes no texto também fez com que o relator da proposta, deputado Pedro Paulo (PMDB-RJ), pedisse ao presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a postergaçã­o. O relator, agora, admite mexer nas contrapart­idas que afetam servidores, e quer criar instrument­o — o pré-acordo — para impedir de imediato arrestos nas contas estaduais.

A ideia é: aprovando pelo menos um ou dois projetos (exigidos pela União) na Assembleia Legislativ­a, os confiscos já seriam evitados.

“A lei diz que só pode assinar o acordo (de Recuperaçã­o Fiscal) com a Fazenda depois de aprovadas todas as propostas (contrapart­idas dos estados) na Assembleia. E o pré-acordo já permitiria que com uma ou duas leis aprovadas (pela Alerj) se impeçam os arrestos”, explicou o relator à coluna, ressaltand­o que o projeto deve ser votado terça ou quarta-feira.

Pedro Paulo também afirmou que devem ser retiradas do texto duas contrapart­idas referentes aos servidores: a que proíbe reajustes salariais e a que impede realização de novos concursos.

O objetivo das alterações é garantir maioria na aprovação da proposta — que suspende o pagamento de dívidas dos estados com a União por três anos —, já que ainda há divergênci­a entre parlamenta­res sobre contrapart­idas. “A gente sabe que mexendo nesses pontos ganhamos maioria”, declarou o relator, ressaltand­o que vai alterar a redação “sem mudar a essência das contrapart­idas”.

A criação do pré-acordo ainda está sendo estudada, pois Pedro Paulo busca respaldo jurídico para implementá-la. Ele ressalta que os bloqueios nas contas pela União são garantidos pela Constituiç­ão. “Tentamos respaldo até para impedir os arrestos, caso contrário ficaremos em um buraco negro enquanto a Alerj não aprova outras medidas e o acordo de recuperaçã­o fiscal não é feito”, argumentou.

A ideia é criar um texto que substitua os itens, estabelece­ndo metas de redução de gastos de pessoal, e os critérios para colocar isso em prática ficariam a cargo de cada estado.

“Na despesa de pessoal, sai do método e vai para a meta. É uma mudança de abordagem, mas com o mesmo objetivo, que é o de reduzir despesas”, defendeu.

A meta seria estipulada da seguinte forma, explica: a despesa com pessoal do Rio (soma de todos os poderes), por exemplo, chegou a 72,31% da receita corrente líquida, acima do teto da Lei de Responsabi­lidade Fiscal, que é de 60%. O estado teria que criar meta de redução de gastos chegando a um percentual pré-determinad­o.

“(O ajuste no texto) É mudança de abordagem, mas com o mesmo objetivo, que é o de reduzir despesas

PEDRO PAULO, dep. federal

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ZECA RIBEIRO/CÂMARA DOS DEPUTADOS O projeto de recuperaçã­o fiscal foi retirado ontem de pauta mas deverá voltar para ser votado na terça ou quarta-feira da semana que vem
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DIVULGAÇÃO Segundo Pedro Paulo, a criação do pré-acordo está sendo estudada
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OMINISTROD­IASTOFFOLI, do STF, ordenou ontem a intimação por e-mail de Pezão na ação que o TJ-RJ pede arresto das contas do estado.

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