A vacina contra o HPV em meninos
Arecente iniciativa do Ministério da Saúde de vacinar meninos de 12 e 13 anos contra o papilomavírus humano (HPV) coloca o Brasil ao lado de outros poucos países, como Estados Unidos, Canadá e Austrália, que já imunizam a população masculina. A vacina é utilizada para proteger os meninos contra as verrugas genitais e, possivelmente, contra cânceres de ânus e orofaringe (garganta). Nos países que a utilizam em meninos, acredita-se que a justificativa foram os aumentos recentes de infecções e de cânceres.
É importante refletir sobre o que é o HPV e qual a real importância da vacina para os meninos. O HPV faz parte de um grupo de vírus, com mais de cem tipos, e alguns são transmitidos sexualmente e considerados de alto risco. Entre esses últimos, frequentemente envolvidos no desenvolvimento de câncer, estão os HPV 16 e 18, cobertos pela vacina. Vale destacar que grande parte das infecções não apresentam sintomas e desaparecem entre um a dois anos, mesmo sem tratamento. Eventualmente, poderão persistir por anos e ocasionar lesões precursoras ou até o câncer.
Quando a cobertura vacinal em mulheres é alta (mais de 80%), os homens heterossexuais acabam sendo protegidos por um fenômeno chamado de ‘imunidade em rebanho’ — que significa que pessoas não vacinadas, ao entrarem em contato íntimo com pessoas vacinadas, adquirem imunidade contra a doença. Isso foi observado na prática na Austrália. A questão é que esse benefício não acontece na população masculina homossexual.
A importância da iniciativa pode ser analisada sob alguns aspectos. O primeiro é que os tumores malignos relacionados ao HPV em homens (ânus, orofaringe e pênis) não são passíveis de rastreamento, comoé ocaso do câncer doco lodo útero nas mulheres, detectado porme iodo Papa nicola ou. P oressa razão, são frequentemente encontrados em estágios mais avançados. Ose gundopon toé que a prevalência de vacinação em meninas no Brasil é menor que 50%, portanto poucos meninos são protegidos pela ‘imunidade em rebanho’. Por fim, é uma oportunidade de aumentara proteção da população de homens homossexuais contra os cânceres e as infecções relacionados ao HPV, o que não seria possível caso a vacina fosse utilizada só em mulheres.