O Dia

A vacina contra o HPV em meninos

- Ronaldo Silva Médico sanitarist­a do Grupo COI

Arecente iniciativa do Ministério da Saúde de vacinar meninos de 12 e 13 anos contra o papilomaví­rus humano (HPV) coloca o Brasil ao lado de outros poucos países, como Estados Unidos, Canadá e Austrália, que já imunizam a população masculina. A vacina é utilizada para proteger os meninos contra as verrugas genitais e, possivelme­nte, contra cânceres de ânus e orofaringe (garganta). Nos países que a utilizam em meninos, acredita-se que a justificat­iva foram os aumentos recentes de infecções e de cânceres.

É importante refletir sobre o que é o HPV e qual a real importânci­a da vacina para os meninos. O HPV faz parte de um grupo de vírus, com mais de cem tipos, e alguns são transmitid­os sexualment­e e considerad­os de alto risco. Entre esses últimos, frequentem­ente envolvidos no desenvolvi­mento de câncer, estão os HPV 16 e 18, cobertos pela vacina. Vale destacar que grande parte das infecções não apresentam sintomas e desaparece­m entre um a dois anos, mesmo sem tratamento. Eventualme­nte, poderão persistir por anos e ocasionar lesões precursora­s ou até o câncer.

Quando a cobertura vacinal em mulheres é alta (mais de 80%), os homens heterossex­uais acabam sendo protegidos por um fenômeno chamado de ‘imunidade em rebanho’ — que significa que pessoas não vacinadas, ao entrarem em contato íntimo com pessoas vacinadas, adquirem imunidade contra a doença. Isso foi observado na prática na Austrália. A questão é que esse benefício não acontece na população masculina homossexua­l.

A importânci­a da iniciativa pode ser analisada sob alguns aspectos. O primeiro é que os tumores malignos relacionad­os ao HPV em homens (ânus, orofaringe e pênis) não são passíveis de rastreamen­to, comoé ocaso do câncer doco lodo útero nas mulheres, detectado porme iodo Papa nicola ou. P oressa razão, são frequentem­ente encontrado­s em estágios mais avançados. Ose gundopon toé que a prevalênci­a de vacinação em meninas no Brasil é menor que 50%, portanto poucos meninos são protegidos pela ‘imunidade em rebanho’. Por fim, é uma oportunida­de de aumentara proteção da população de homens homossexua­is contra os cânceres e as infecções relacionad­os ao HPV, o que não seria possível caso a vacina fosse utilizada só em mulheres.

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