WhatsApp diz que não abre conversas
Um dos fundadores do WhatsApp, o engenheiro Brian Acton foi pessoalmente ao Supremo Tribunal Federal (STF) na manhã de ontem e afirmou que não há a possibilidade de fazer qualquer interceptação das comunicações, mesmo pela própria empresa.
Ele alega que a criptografia ponta-a-ponta, tecnologia utilizada pelo aplicativo para proteger as trocas de mensagens entre os usuários, é inviolável.
“Todas as mensagens enviadas pelo WhatsApp são garantidas com um cadeado e uma chave. Só o emissor e o receptor é que têm as chaves necessárias para destrancar e ler as mensagens de WhatsApp, e ninguém mais. Ninguém acessa, nem o WhatsApp, nem o Facebook (que é dono do aplicativo), nem os hackers”, garantiu o engenheiro.
Nos últimos anos, quatro decisões judiciais provocaram a interrupção temporária do serviço do aplicativo no Brasil. Todas ocorreram após a empresa deixar de fornecer à Justiça informações solicitadas para alimentar investigações de organizações criminosas que atuam no tráfico de drogas e pornografia infantil. entre outras. Há duas ações no STF sobre o tema, por isso a Corte realizou a audiência pública de ontem.
Para procurador, Brasil não pode virar um ‘paraíso digital’ para criminosos
O fundador do aplicativo recusou a ideia de criar alguma ferramenta para permitir a interceptação e extração de mensagens do WhatsApp, para obedecer ordens judiciais, argumentando que isso comprometeria a segurança das comunicações de todas as 120 milhões de pessoas que utilizam o serviço no Brasil.
“Na segurança digital, os dados ou são seguros para todo mundo ou não são seguros para ninguém. Uma ferramenta que nos permitisse ter acesso às mensagens das pessoas poderia se voltar contra nós mesmos”, disse Acton. “Nós acreditamos que a expressão ‘segura e privada’ é essencial para as pessoas e a sociedade.”
Já o procurador da República Vladimir Aras ressaltou durante a audiência os riscos de que aplicativos digitais sejam usados para a prática de crimes.
“Nós não podemos imaginar que criaríamos aqui no Brasil um paraíso digital em que criminosos desse tipo possam cometer ilícitos digitais que ameaçam direitos fundamentais tão importantes quanto o direito à privacidade”, disse o procurador.