VÍTIMAS DA HANSENÍASE E DO DESCASO
Colônia e hospital Cu rupai ti, onde vive mesão tratados portadores de hanseníase, agonizam em Jacarepaguá
Acrise nas finanças fluminenses ampliou o estado de abandono e descaso no Instituto Estadual de Dermatologia Sa nit ária(IEDS ), em Jacarepaguá, destinado aportadores de hanseníase. Nos 10 pavilhões do hospital e colônia Curupaiti, como é conhecido o complexo, vivem quase 2 mil pessoas, entre pacientes, ex-pacientes já curados, além de funcionários e ex-funcionários, com seus familiares. A enfermaria, que atendia a 700 doentes por mês, fechou na quinta-feira, dizem moradores do local. Além disso, a farmácia não funciona há 20 dias por falta de remédios.
“Fui diagnosticado coma doença em 1991. Há 20 anos vivo aqui e isso não é mais lugar para um ser humano viver. A situação piorou tanto que temos que usar da nossa aposentadoria para comprar remédios e gaze para o nosso tratamento ”, lembra o aposentado Jorge Carnaúba ,69, que mora em um dos pavilhões.
Na manhã de ontem, a equipe do DIA entrou no Pavilhão Jesuíno de Alburquerque, considerado pelos moradores o que está em pior estado. Há lixo espalhado pelos corredores, banheiros sem portas e sujos, além de alas inteiras fechadas por falta de manutenção. A cozinha onde aalimentaçãoép reparada está em péssimo estado. A falta de estrutura e a necessidade de uma intervenção imediata são visíveis .“Olha o estado disso, você achaque um paciente tem condições de se tratar e se curar em um local desses? Poi sé, esseéolug arque vivemos ”, desabafa um portador da doença, de 60 anos, que vive no local desde 1968 e pediu paranã o ser identificado.
“Estamos abandonados, esquecidos pelo poder público. Já faltavam médicos e enfermeiros e agora não temos mais a enfermaria. Encostaram um caminhão elevaram tudo ”, conta Michele Simões ,32 anos, portadora da doença há 17 anos. Ela reside na colônia, onde trabalhou na limpeza por vários anos. “Antigamente, o hospital não era assim. Hoje não temos o básico, como remédio. Sema enfermaria, se um paciente passar mal aqui ou vai para a UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) ou morre”, afirma.
“Chegaram aqui com um caminhão e disse: Acabou! Vamos retirar todos os leitos e a enfermaria não vai funcionar”, diz um funcionário que pediu anonimato e tem receio que o hospital todo feche as portas. O atraso no pagamento de funcionários é outro problema.
Questionada sobre o fim da enfermaria, denunciada por funcionários e pacientes, a Secretaria estadual de Saúde respondeu apenas que não há previsão de fechamento da unidade. O órgão afirma ainda que os medicamentos da farmácia são utilizados durante o atendimento e que há um refeitório que fornece 480 refeições por dia. A secretaria acrescenta que, na área do instituto, há residências onde vivem ex-pacientes do hospital cuja assistência em saúde não é de responsabilidade do IEDS.