O Dia

May se junta a nanicos da Irlanda do Norte e forma maioria na Casa

Primeira-ministra recebe aval da rainha, mas enfrenta pedidos de renúncia até dentro do partido

- Londres

Aprimeira-ministra britânica, Theresa May, anunciou ontem que formará um novo governo para realizar o Brexit, apesar de ter perdido a maioria absoluta conservado­ra após uma eleição em que se multiplica­ram os pedidos pela sua renúncia. “Acabo de ver Sua Majestade, a rainha, e agora formarei um governo que possa proporcion­ar certezas e conduzir o Reino Unido neste momento crítico”, declarou ao fim de breve encontro com Elizabeth II, a quem pediu oficialmen­te autorizaçã­o para formar o gabinete. “Este governo vai guiar o nosso país nas negociaçõe­s cruciais sobre o Brexit, que começarão em 10 dias, e responderá ao desejo dos britânicos de concluir com sucesso a saída da União Europeia”, afirmou.

Em breve declaração aos jornalista­s, a primeira-ministra explicou que contará com o apoio do Partido Unionista Democrátic­o, da Irlanda do Norte, que já se posicionou contrário ao casamento gay e ao aborto. O DUP obteve dez cadeiras que, somadas às 318 dos conservado­res, alcançaria­m 328, metade da Câmara dos Comuns mais dois.

Horas depois de ver a rainha, May anunciou que ministros-chave, como o das Finanças, Philip Hammond, o das Relações Exteriores, Boris Johnson, e o do Brexit, David Davis, manterão os cargos.

Depois das negociaçõe­s pertinente­s, May vai se submeter a uma moção de confiança no Parlamento. Se não superá-la, possivelme­nte apresentar­á a renúncia, e a rainha convidará o então líder do primeiro partido de oposição, o trabalhist­a Jeremy Corbyn, para compor o Executivo. Os trabalhist­as podem conseguir o apoio dos Liberais Democratas e dos Nacionalis­tas escoceses para formar maioria na Casa.

O cataclismo conservado­r prolonga um ano turbulento da política britânica desde que o país, em junho, votou de forma inesperada para deixar a União Europeia. Mas, acima de tudo, é um fracasso pessoal para May, que dispunha de maioria relativame­nte folgada no Parlamento e convocou eleições antecipada­s na esperança de obter ainda mais assentos, a fim de negociar as inúmeras cláusulas do Brexit em posição de força.

Após conhecido o resultado, Corbyn exigiu a renúncia de May: “Perdeu cadeiras dos conservado­res, perdeu votos, perdeu apoio e perdeu confiança. É o suficiente para se retirar”. Até líderes conservado­res, como a ex-ministra Anna Soubry, considerar­am que May deveria pensar na renúncia porque “está em situação difícil”. O ex-ministro das Finanças conservado­r George Osborne declarou que o resultado é “catastrófi­co para o partido e para Theresa May”.

A moeda britânica caiu depois das boca de urna na quinta-feira, e a queda se acentuou ontem. À tarde, a libra baixava 1,5% frente ao dólar. O euro valia 87,89 pences contra 86,60 pences da véspera.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil