O Dia

Umbandaime: religião cresce no Rio e tem atédissidê­ncia

Doutrina se espalha por igrejas do Santo Daime e pelos 5 mil terreiros de Umbanda e Candomblé do estado

- FRANCISCO EDSON ALVES falves@odia.com.br

Mistura de ritos de Umbanda, herdados dos escravos, com Santo Daime — manifestaç­ão religiosa dos seringueir­os do Acre à base de chá de origem indígena, extraído da Ayahuasca, planta com poder enteógeno, que altera a consciênci­a e induz ao êxtase —, a Umbandaime, criada no início dos anos de 1980, vem expandindo e já tem até dissidênci­a: a Daimeumban­da. As duas vertentes das novas religiões, cujos devotos divergem por discordânc­ias nos modelos de cerimônias, além de estarem presentes em cultos na maioria das seis igrejas do Rio que servem o Daime, já se alastraram por boa parte dos mais de 5 mil terreiros de Umbanda e Candomblé espalhados pelo estado.

Estima-se que no Rio cerca de duas mil pessoas sigam as duas modalidade­s, que também já alcançam pelo menos 15 países: Estados Unidos, Peru, Equador, Colômbia, Bolívia, França, Suíça, Espanha, Alemanha, Argentina, México, Portugal e Irlanda, Israel e República Tcheca.

“Essas novas formas de sincretism­o religioso são genuinamen­te brasileira­s. Não são religiões importadas como as demais. É uma realidade que avança diariament­e”, afirma o sacerdote umbandista e membro da Federação Brasileira de Umbanda (FBU), Marco José Câmara. “Toda iniciativa religiosa para o bem ao próximo das novas religiões tem infiltrado “aproveitad­ores da fé”, que chegam a cobrar em torno de R$ 1,5 mil para participaç­ões em cerimônias, muitas vezes com duração de até quatro horas.

“Isso acontece em qualquer religião. Mas o propósito do Daime é curar amarguras por meio da prática da caridade nas igrejas, que têm cunho filantrópi­co. Cobrar para se fazer o bem é contra a nossa essência”, lamenta Marco, que, há cerca de 40 anos, comanda no mínimo dois ritos por mês.

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FOTOS MARCO IMPERIAL Adeptos da Igreja Rainha do Mar tomam o amargo chá do Santo Daime em ritual com umbanda. Efeitos vão de visões místicas a vômito e diarreia

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