Umbandaime: religião cresce no Rio e tem atédissidência
Doutrina se espalha por igrejas do Santo Daime e pelos 5 mil terreiros de Umbanda e Candomblé do estado
Mistura de ritos de Umbanda, herdados dos escravos, com Santo Daime — manifestação religiosa dos seringueiros do Acre à base de chá de origem indígena, extraído da Ayahuasca, planta com poder enteógeno, que altera a consciência e induz ao êxtase —, a Umbandaime, criada no início dos anos de 1980, vem expandindo e já tem até dissidência: a Daimeumbanda. As duas vertentes das novas religiões, cujos devotos divergem por discordâncias nos modelos de cerimônias, além de estarem presentes em cultos na maioria das seis igrejas do Rio que servem o Daime, já se alastraram por boa parte dos mais de 5 mil terreiros de Umbanda e Candomblé espalhados pelo estado.
Estima-se que no Rio cerca de duas mil pessoas sigam as duas modalidades, que também já alcançam pelo menos 15 países: Estados Unidos, Peru, Equador, Colômbia, Bolívia, França, Suíça, Espanha, Alemanha, Argentina, México, Portugal e Irlanda, Israel e República Tcheca.
“Essas novas formas de sincretismo religioso são genuinamente brasileiras. Não são religiões importadas como as demais. É uma realidade que avança diariamente”, afirma o sacerdote umbandista e membro da Federação Brasileira de Umbanda (FBU), Marco José Câmara. “Toda iniciativa religiosa para o bem ao próximo das novas religiões tem infiltrado “aproveitadores da fé”, que chegam a cobrar em torno de R$ 1,5 mil para participações em cerimônias, muitas vezes com duração de até quatro horas.
“Isso acontece em qualquer religião. Mas o propósito do Daime é curar amarguras por meio da prática da caridade nas igrejas, que têm cunho filantrópico. Cobrar para se fazer o bem é contra a nossa essência”, lamenta Marco, que, há cerca de 40 anos, comanda no mínimo dois ritos por mês.