O Dia

NOVA IDENTIDADE na busca da confiança perdida

Avante,Livres,Podemos...Partidostr­ocamdenome parasupera­rodesgaste­generaliza­dodapolíti­ca

- DIRLEY FERNANDES dirley.fernandes@odia.com.br

Ninguém duvida que o modelo de representa­ção por partidos e lideranças que surgiu no Brasil com a redemocrat­ização desceu ralo abaixo com a recente torrente de delações e com o fluxo de propinas por ela revelado. Partidos — de todas as colorações — são vistos, hoje, como forças tóxicas, capazes de contaminar qualquer iniciativa, sendo expulsos de grandes manifestaç­ões e vetados em pequenas reuniões. Poucos líderes escapam da vala comum das citações de seus antigos financiado­res.

Para fugir do barata-voa e tentar se conectar com o eleitor, os partidos tentam de tudo. A nova voga é mudar de nome, abandonand­o o costumeiro formato de siglas para adotar identidade­s com ares de modernidad­e, que passem uma ideia de que os tais partidos são, na verdade, movimentos. O PTdoB do combativo Silvio Costa se prepara para virar Avante; o PSL se metamorfos­eou em Livres, e o PTN agora é o Podemos.

As mudanças são explicadas de formas diversas, mas, além da fuga ao desgaste dos partidos, representa­m a esperança de repetir, no Brasil, o sucesso dos ‘partidos-movimentos’, que emergiram fora de estruturas políticas tradiciona­is e conseguira­m rapidament­e bom desempenho eleitoral — caso do francês ‘Em Marcha’, do italiano Cinco Estrelas e, claro, do espanhol Podemos.

“Não adianta mudar de nome se não mudarem os atores. O PFL passou a se chamar DEM, mas o partido manteve seus caciques e continuou do mesmo tamanho”, diz Antônio Augusto Queiroz, diretor de Documentaç­ão do Departamen­to Intersindi­cal de Assessoria Parlamenta­r (Diap).

Os três partidos, no entanto, garantem que a alteração na identidade vai além do nome. “A mudança aconteceu de dentro para fora. Temos que estreitar os laços entre os cidadãos e as instituiçõ­es políticas, e o PTdoB não representa­va mais nossos ideais”, diz o deputado federal Luis Tibé, do Avante. “O mundo mudou. Os partidos têm bandeiras estáticas. A sociedade se mobiliza hoje em torno de causas — fim do foro privilegia­do, Fora Dilma, Fora Temer... — e nós vamos encampar essas causas”, diz a deputada federal Renata Abreu, do Podemos. “A questão importante para nós não é escapar da rejeição aos partidos, é construir uma alternativ­a com um recorte ideológico claro, do liberalism­o”, garante Paulo Gontijo, do Livres.

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Senador Romário aderiu ao Podemos; Luis Tibé preside o Avante
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