O Dia

Amor ou doença: quando o virtual passa dos limites

Especialis­tas analisam tendência de namoros que não se concretiza­m na vida real

- ROSAYNE MACEDO rosayne.macedo@odia.com.br

“Se você vier a sofrer não machucará sua imagem frente às outras pessoas e guarda a ideia de que pode sair ileso Haidée Piñao, psicanalis­ta

Bo nita, elegante, descolada e, sobretudo, independen­te, a engenheira carioca X .( nome fictício ), de 37 anos, terminou umrel acionament­o complica doque durou oi toanos. E decidiu procurar em festas e eventos sociais o antes sonhado ‘príncipe encantado’. Decepciono­u-se novamente. Mas descobriu um anova‘ paixão ’: garimpar nos‘ cardápios’ dos aplicativo­s para namoro um “homem de verdade”, que a encantasse e merecesse o seu amor —e todo o seu valor. Assim, deixou de sair com as amigas e conhecer “homens reais” para mergulhare­m longas conversas pelo celular com seus pretendent­es. Isolou-senos eu mundinho virtual .“Tenho medo de merel acionar novamente. Todos os rapazes que já conheci não me agradaram. São todos cafajestes ”, crava amoça, ques e recusa aconhecer pessoalmen­teseus‘ pretendent­es ’.

X.nãoéaú nica. Cada vez mais brasileira­s( e brasileiro­s) estão preferindo relacionam­entos virtuais, que nunca chegam ase materializ­ar no plano físico. Em alguns casos,os novos namoros não envolvem apenas sexo virtual ouvoyer ismo digital, com trocascons­tantes de‘ nu des’ ,m as incluem até mesmo crises de ciúme elongas‘ DRs ’, as discussões típicas dos relacionam­entos reais. Anova tendência jáé sucessona telinha. Co mestreia prevista para o segundo semestre, a segunda temporada do reality show ‘Catfish Brasil’, da MTV, promete “desvendar os mistérios dos relacionam­entos que nasceram na internet— e de lá nunca saíram!”, mergulhand­o em casos mal resolvidos de namoro virtual.

Seja por medo, inseguranç­aou até mesmo por questões econômicas, muita gente tem preferido namorar no sofá da sala ... mas sozinho, como celularna mão! Traumas do passado, baixa auto-estima, fuga da realidade... O que explica? E qual seria o limite entre um relacionam­ento virtual saudável e um patológico?

“Se sou capaz, na vida real, de produzir e manter relacionam­entos amorosos ao longo da minha existência, então um relacionam­ento virtual pode ser considerad­o apenas uma opção passageira ou inicial de uma relação. O problema destaca-se naqueles que somente são capazes de estabelece­r relacionam­entos que sejam virtuais, excluindo as vivencias no mundo real ”, afirma o psicólogo Nicolau José Maluf Junior.

Para a psicanalis­ta Haydée Côrtes Piña,orel acionament­o poderás er chamado de patológico, virtual ou não, quando o sujeito só consegue obter prazer de uma única forma. “O indivíduo se vê limitado, outras vezes aprisionad­o, o que gerador e sofrimento ”. Segundo ela, pessoas que já sofreram no passado comrel acionament­osfracassa­dos presencial­mente tendem ase envolver mais dessa forma. Isso porque o relacionam­ento virtual oferece certa proteção e aparenteco­ntrole.

Para a sexóloga Lelah Moneiro, relacionam­entos podem evoluir para patologias se ficarem só no virtual .“Pode causara dificuldad­e de um envolvimen­to de fato. Às vezes apessoas e esconde atrás das câmeras, dote clado, e corre o risco denã os aber se apessoaé aquelam esma ”. Ela recomenda :“Se evoluir parau ma fantasia, precisa de uma terapia, e hoje a terapia é breve e ajuda bastante nestes casos”. Uma demanda e tanto para os consultóri­os terapêutic­os.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil